“Muito mais que a questão da bandeira, devemos pensar que somos humanos, cidadãos, e estamos aqui por amor”, diz Luciana Trindade.
 
por Victor Gouvêa
 
VICTOR GOUVÊA/ ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL
“Isso aqui é uma coisa muito especial pra mim
“Isso aqui é uma coisa muito especial pra mim”, diz Michael Bizarro, de 35 anos (ao centro).
 
Pelo terceiro ano consecutivo, a abertura da maior Parada LGBT+ do mundo foi sobre rodas. Não dos trios elétricos, mas das cadeiras de orgulhosos participantes do movimento, que se unem para reivindicar direitos fora e dentro da comunidade LGBT+.
 
Em 2019, a série “Special”, da Netflix, trouxe à luz diversas questões desse nicho pouco lembrado ao contar a história de Ryan O’Connell, um jovem gay com paralisia cerebral.
 
“Isso aqui é uma coisa muito especial pra mim, é um evento lindo, esta é a décima edição que participo” diz Michael Bizarro, de 35 anos, que é gay e se diz representado nas cores do arco-íris.
 
Adriana Lopes de Araújo, 46, é heterossexual, mas apoiadora da causa, e faz questão de engrossar o coro com amigos por conhecer o preconceito na condição de deficiente. “Precisamos começar em casa, conscientizando as famílias e crianças. Não podemos esconder nem deficiências nem LGBT+ do mundo”, diz.
 
A organização reserva um espaço cercado por cordas e segurança para o grupo, mas o professor da rede estadual e pedagogo Gilvan Silva, 59, reclama da falta de um trio acessível.
 
                             VICTOR GOUVÊA/ ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL
                          
“É muito difícil caminhar tanto para pessoas que, como eu, usam próteses”, reclama o professor Gilvan Silva.
 
″É muito difícil caminhar tanto para pessoas que, como eu, usam próteses”, afirma. Gay e militante da causa há décadas, ele diz se sentir obrigado a estar ali, ainda que as condições não sejam exatamente as melhores. “A gente precisa fazer mais coisas pela inclusão de deficientes na comunidade, melhorar a sensibilidade. Pouco mudou nos últimos anos.”
 
Luciana Trindade, bissexual, 40 anos, participa de comissões de LGBTs deficientes, mas diz que frequentava a Parada “desde quando precisava ficar no meio da pipoca”.
 
                      VICTOR GOUVÊA/ ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL
                    Luciana Trindade brinca ao dizer que frequentava a Parada “desde quando precisava ficar no meio...
Luciana Trindade brinca ao dizer que frequentava a Parada “desde quando precisava ficar no meio da pipoca”.
 
Para quem se interessa sobre o assunto, ela recomenda a série “The Undatables”, e pontua conquistas principalmente no mercado de trabalho. “Empresas que antes tinham políticas de contratação de deficientes e de LGBT+ agora estão unindo as duas coisas”, afirma.
 
Luciana acredita que, apesar de haver, sim, preconceito no meio LGBT+, a comunidade ainda é mais aberta a discussões do que outras parcelas da sociedade. “Muito mais que a questão da bandeira, devemos pensar que somos humanos, cidadãos, e estamos aqui por amor, apoiando a diversidade”.