A Lei de Cotas Nº 8113 é a realidade que obriga as empresas a manter entre 2% a 5% das vagas reservadas para inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. As grandes emissoras de comunicação, precisam se adequar às particularidades dos contratados segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), colocando tais cidadãos incluídos na sociedade e protagonistas de sua história.
Embora o Brasil esteja em quinto lugar no ranking mundial de países com acessibilidade, jornalistas e radialistas com alguma deficiência encontram dificuldades para atuar nas grandes emissoras. A potencialidade dos profissionais da comunicação faz da oportunidade de atuar uma forma de retratar o que sentem na pele e ir além do papel de ator social, para atuar no mercado de trabalho. Hoje somos 45 milhões de cidadãos com alguma limitação de qualquer natureza, (Censo 2010 do IBGE).
Através do ato da UNESCO, por meio do relatório sobre concentração de mídia e liberdade de expressão (03/05/2017), para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Expressão na América Latina e Caribe, o direito à expressão destas pessoas passou a ter um documento importante. “Ambiente de mídia diversificado e pluralista” foi elaborado por Toby Mendel, Angel Garcia Castillejo e Gustavo Gónev, especialistas mundiais na regulamentação de meios de comunicação e questões relacionadas à liberdade de expressão, para tornar normas nos últimos 70 anos.
Questões de direito a propriedade, mídia e discussões sobre a concentração de monopólio da mídia, deixam de lado as questões das pessoas com deficiência. Por outro lado, os jornalistas habilitados vêm cumprindo seu papel quando a oportunidade acontece.

Profissionais da comunicação

Renato D’Ávila, jornalista, pós-graduado em comunicação e web-jornalista atua como produtor de esporte na TV Sergipe – afiliada da Globo, foi o primeiro deficiente visual graduado com carteira assinada do Sistema Globo e escreve desde 2015 o Blog “Novo Olhar”, que dá voz às pessoas com deficiência e as práticas de formação coletiva nos diversos segmentos sociais.
Em Sorocaba (SP), Teco Barbeiro foi o primeiro deficiente visual fotógrafo. Expositor de suas obras, blogueiro e trabalha com assessoria, marketing e eventos, através da formação enquanto jornalista.
A oportunidade de atuar no mercado de trabalho também acontece para Jairo Marques, colunista da Folha (SP). Com deficiência física, seu blog na internet é pautado em assuntos do cotidiano e a influência na vida de quem tem deficiência e busca acesso ao lazer, cultura, educação e direito de ir e vir na cidade grande.
Jornalista, mãe e conhecida nacionalmente, Flávia Cintra é repórter do Fantástico, na Rede Globo (RJ). Cadeirante ela atua nos bastidores e algumas vezes aparece em reportagens nacionais.
Nas emissoras de rádio o espaço da mídia também é oportunidade para Felipe Diego ser o pioneiro nos comentários esportivos. Acompanhando times do interior paulistano, ele foi tema de reportagem do Globo Esporte Nacional e Bom Dia Brasil. Tomou a frente para reunir jornalistas em um grupo nas redes sociais o “Comunicadores da inclusão”, criado em abril de 2017, para debater pautas sobre a função social  relacionadas a inclusão dos jornalistas brasileiros.
Embora existam estes exemplos, a grande maioria passa por dificuldades para estagiar e encontrar formas de sobrevivência no jornalismo. As empresas de comunicação alegam não ter condições de investir em adaptações, preferem negar oportunidade e quando as conseguem estas são de forma voluntária ou por questões de leis e política de cotas do Ministério do Trabalho.
Na televisão, no rádio, nos sites, nas revistas, nos jornais, as pautas na maioria das vezes são tratadas como especiais. As pessoas com deficiência não encontram espaços democráticos para cobrar direitos, expor dificuldades, demonstrar o descaso que os setores da construção civil, produtos eletrônicos, projetos sociais e transporte coletivo e alternativo, entre outros deixam a desejar. As instituições de ensino superior pública e privada vem avançando com passar do tempo, recebendo estas pessoas e preparando os jornalistas com deficiência que se lançam à própria sorte para sair da condição de exclusão para atuar na comunicação dentro da grande mídia e dos veículos brasileiros.

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Renato D’Ávila, jornalista, pós-graduado em comunicação e web-jornalista atua como produtor de esporte na TV Sergipe – afiliada da Globo.

FONTE: http://observatoriodaimprensa.com.br/interesse-publico/midia-diversificada-para-influencia-da-formacao-social-no-brasil/