O grupo é formado por alunos atendidos pelo projeto Práticas Corporais Inclusivas, no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE).
 
Por Sâmia Martins, G1 CE
 
Grupo de deficientes foi de Canindé até Fortaleza para tomar o primeiro banho nas águas salgadas do oceano. — Foto: Natinho Rodrigues
Grupo de deficientes foi de Canindé até Fortaleza para tomar o primeiro banho nas águas salgadas do oceano. — Foto: Natinho Rodrigues
 
Da felicidade, fez som. Francisco de Assis Freitas Lima, de 45 anos, não poupou o grito ao sair do mar. Ele fez parte do grupo de sete alunos com deficiências motoras e múltipla, atendidos pelo projeto Práticas Corporais Inclusivas, no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE), que percorreu os 118 km entre Canindé e Fortaleza, até a Praia de Iracema, na manhã da última quinta-feira (20), para tomar o primeiro banho nas águas salgadas do oceano.
 
A ansiedade foi tamanha que, desde as duas horas da madrugada, não dormiu mais. Segundo a cunhada, Ana Maria do Nascimento, que o acompanha na maioria dos momentos, Francisco de Assis gosta de ficar “bem preparado” para passear. “Só em ele imaginar que está saindo, que vai se divertir, já é a alegria em pessoa”, comenta.
 
Preparação que Elisângela Lopes da Silva, de 37 anos, também teve ao comprar seu primeiro biquíni para o primeiro mergulho no mar. O sorriso que não saía dos lábios já evidenciava a satisfação, sem necessidade de perguntas. “Foi maravilhoso. É uma experiência que eu nunca vou esquecer. Por mim, eu nunca sairia do mar”, relata.
 
Das sete pessoas com deficiência presentes, dois já tinham visto o mar mas não avançaram para além das barracas. Os outros cinco nunca tinham visto a praia pessoalmente.
 
Iniciativa
 
A viagem contou com a presença de cinco profissionais do IFCE, incluindo as professoras de educação física e responsáveis pelo projeto, Thaidys Monte e Samara Moura, e mais duas turmas de licenciatura do Curso de Educação Física, com 40 alunos no total. Para Thaidys Monte, a experiência a partir dessa excursão é fundamental para a aprendizagem dos graduandos.
 
“Uma coisa é eles verem na teoria como é, com devem pegar uma cadeira de rodas, como ela trava e destrava. Outra coisa coisa é eles vivenciarem na prática, como foi todo o transporte da saída de Canindé para cá e como acionar o elevador do ônibus, por exemplo”, analisa.
 
Ângela Maria, de 23 anos, monitora do Práticas Corporais Inclusivas há pouco mais de um ano, qualifica o projeto como “muito gratificante” e “maravilhoso”. A estudante ressalta os avanços observados nos atendidos ao longo do tempo. “Eu descobri que se você der asas eles podem ir muito longe. Por exemplo, hoje em dia, tem muitos que ficam sozinhos dentro da piscina, não precisa de um monitor segurando, eles já nadam sozinhos”.
 
Hoje o projeto contempla 30 adultos com deficiências motoras, visual e múltipla, sendo 15 da Associação das Pessoas que lutam pela inclusão do Deficiente (APLID) e 15 da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), ambas do município de Canindé. Apenas membros da APLID conseguiram ir à praia desta vez.
 
O banho de mar foi possibilitado peloprograma Praia Acessível, vinculado à Secretaria Municipal do Turismo de Fortaleza (Setfor). Com ele, pessoas com deficiências físicas, motoras ou dificuldades de locomoção conseguem assistência para entrar no mar.
 
Fonte: g1.globo.com

Source: APNEN NOVA ODESSA: Pessoas com deficiência de Canindé tomam primeiro banho de mar em Fortaleza