Encontrar o aparelho de surdez ideal pode transformar a rotina de muitas pessoas e têm valor  incalculável para o aumento da qualidade de vida. 

“Desculpe, não entendi. Poderia repetir por favor?” Essa é uma frase que costumo utilizar, pois tenho surdez bilateral, especialmente para os sons agudos. 

Passarinhos cantando, toques agudos de celular, cochichos…todos esses sons passam desapercebidos para mim. 

Por Elle Braude 

Só tive o meu diagnóstico de surdez aos 17 anos de idade, pois a escola em que estudava fazia testes rotineiros de visão e audição para todos os alunos.  Ao receber o resultado, incrédula, eu falei para a profissional: “Não, eu não tenho problemas para ouvir!”, mas a audiometria em forma de escorregador para ambos ouvidos desmentia minha afirmação. 

Pois é…no começo fiquei com vergonha, não admitia e não queria usar os AASIs (aparelhos de amplificação sonora individual). Mas com a maturidade fui descobrindo que deficiências auditivas são tão comuns quanto deficiências visuais. Não há o porquê de ter vergonha! 

Os AASIs permitiram uma melhora na minha qualidade de vida e são muito importantes para o meu dia-a-dia. 

Assim como eu, a deficiência auditiva atinge quase 10 milhões de brasileiros (censo IBGE 2010), sendo que o acesso às devidas tecnologias, tal como AASI ou o implante coclear (IC) podem proporcionar grandes mudanças, inclusive ao público mais maduro, que por conta do passar dos anos podem vir a ter uma perda auditiva que precise ser tratada. 

A deficiência auditiva pode gerar consequências sociais negativas, sinalizadas em comportamentos como isolamento e depressão, por isso uma checagem periódica através de uma audiometria é muito importante, independente da idade! A verificação para surdez também é uma questão de saúde psicológica, pois somos mais felizes quando conseguimos comunicar adequadamente com outras pessoas. 

Para aqueles que fizeram a audiometria e descobriram que precisam de aparelhos, gostaria de compartilhar dicas importantes sobre escolha de AASIs:

Busque profissionais de confiança  

O fonoaudiólogo será seu principal guia para a escolha de um AASI, por isso solicite recomendações de outras pessoas, busque conhecer o histórico do profissional e entenda como ele trabalha. O fonoaudiólogo avaliará sua audiometria e explicará quais são os modelos mais adequados para as deficiências apresentadas. 

Foque no profissional, pois lojas de AASIs existem aos borbotões, agora profissionais diferenciados para reabilitação auditiva são preciosos. Quando achar o seu fonoaudiólogo de confiança, guarde seu contato com carinho!!! 

Nem sempre o aparelho mais caro resolve, e nem sempre o mais barato é o mais adequado   

Aparelhos auditivos podem custar entre 4.000 até 20.000 reais a unidade, mas a busca aqui precisa ser centrada no melhor custo-benefício.  Até porque existe uma diversidade de aparelhos e marcas que tratam os mais diversos tipos de surdez. Daí a importância da relação de confiança com o profissional que indicará os modelos mais adequados, capisce? 

Os tipos de aparelhos são: 

  • IIC – Invisible in the canal: que ficam escondidos dentro do canal auditivo, geralmente utilizados para perdas leves a moderadamente severas. 
  • CIC – Completely in canal: são aparelhos utilizados dentro do canal auditivo, um pouco maiores que o IIC, geralmente utilizados para perdas leves a moderadas. 
  • ITC – In the canal: ficam no canal auditivo, porém são mais visíveis que o IIC e o CIC, geralmente utilizados para perdas leves a moderadamente severas. 
  • ITE – In the Ear: são aparelhos que se encaixam na parte de dentro da orelha, utilizados para perdas leves a severas. 
  • RIC – Receiver in canal: o aparelho auditivo em si é colocado atrás da orelha e uma cânula fica dentro do canal auditivo. Geralmente são utilizados para perdas leves a severas. 
  • BTE – Behind the ear: o aparelho auditivo costuma ser maior que o RIC e possui todas as funções. Uma cânula leva o som ao canal auditivo. Geralmente indicado para perda moderada a profunda. 

 

Geralmente as marcas de AASI (Audibel, Bernafon, Oticon, Maico, Phonak, Resound, Siemens, Sonic, Starkey,Widex, etc) costumam segmentar os tipo de aparelhos acima entre os mais baratos, os intermediários e os top de linha. 

Uma vez que você entenda qual é o tipo mais adequado para o seu caso, busque informações para saber se o preço do AASI está adequado, se você não está sendo escalpelado. Vale buscar segunda cotação em outro local, vale grupos do Facebook ou dicas de amigos. O importante é certificar-se de que você está com uma proposta justa para o aparelho escolhido. 

Outro fator a ponderar, em que o profissional pesa: os ajustes. 

Ahhhh…Os benditos ajustes!!! 

Durante o processo de compra do AASI parece que você tem mais contato com o fonoaudiólogo do que com o cônjuge. 

Não estou brincando não, é sério! Coitado do meu marido tendo que suportar tantas idas e vindas…. 

A sintonia fina do aparelho é o que faz a diferença! Não tenha pressa nessa fase. De repente, você descobre que dá para comprar um aparelho mais barato justamente porque o seu fono manja dos paranuês e consegue fazer ajustes que caem como uma luva em um aparelho mais econômico!

 Manutenção pesa!  

  • Leve em consideração o custo/ duração das pilhas caso esteja em dúvida sobre o modelo do aparelho. Via de regra, quanto menor o aparelho, menor a pilha e menos tempo ela irá durar e consequentemente mais dinheiro gastará com pilhas. 
  • Seja cuidadoso na manutenção do AASI. Umidade e cera são os principais vilões. Ao dormir coloque ele em um potinho com esferas que secam o aparelho e o mantenha sempre limpo. 
  • Verifique o tempo de garantia e os valores que costumam ser cobrados na assistência técnica. Porque por mais diligente que você seja, tem uma hora que um item ou outro acaba quebrando. Aí o custo do conserto pode pesar no orçamento de forma inesperada. 

 

Como pagar 

Gratuito: 

Existe a possibilidade de obter os AASIs pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Cada município tem um procedimento, por isso vale checar diretamente no posto de saúde o passo-a-passo para obtenção dos aparelhos e o tempo que demora. 

 

Pago: 

Colocando o chapéu de planejadora financeira, primeira opção seria a de ter economias para pagamento à vista (com desconto, claaaaro), mas entendo que nem sempre isso é possível. 

A segunda melhor opção seria a de economizar mensalmente para posteriormente pagar os AASIs à vista, mas eu sou realista. Pode demorar muito tempo, o que é um bem muito precioso quando se tenta trabalhar com reabilitação auditiva. Algumas vezes, tendo os estímulos corretos, alguns casos de perda de audição podem melhorar, mesmo que só um pouquinho. 

Quando estamos lidando com saúde, não dá para fatorar somente os números… 

Por isso chego na terceira opção, que é a de buscar linhas de crédito específicas para pessoas com deficiência (PCD).  A priori, não gosto de dívidas bancárias, mas mesmo entre elas existem as dívidas que são mais toleráveis, especialmente aquelas que visam aumentar sua renda no futuro (ex: FIES para universidade) ou sua qualidade de vida (ex: crédito de acessibilidade para AASI). 

Alguns bancos oferecem essa modalidade de financiamento com um subsídio governamental, o que faz com que as taxas sejam mais razoáveis do que a de outras linhas de crédito. Então vale pesquisar!  

Espero ter ajudado! 

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Fonte: Me Poupe

Source: Papo com Claudinha