Não existem mamógrafos específicos para mulheres com deficiência. Apenas para casos em que a mulher não consegue realizar a mamografia, alguns cuidados regulares podem substituir este exame.
 
 
A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que toda mulher faça uma vez ao ano, principalmente após os 40 anos de idade, o exame de mamografia para rastrear o câncer de mama. Porém, o que pode parecer uma simples iniciativa para a maioria das mulheres, para as cadeirantes pode se tornar uma verdadeira via crucis. Isto porque os aparelhos de mamografia existentes hoje impõem sérias dificuldades àquelas que possuem certos tipos de deficiências físicas.
 
Elza Parente, tem 45 anos e ficou tetraplégica em razão de uma doença neurológica degenerativa. Já tentou de inúmeras maneiras realizar a mamografia, mas até agora não obteve sucesso. Ela sempre vai ao ginecologista, e sai de lá com uma guia para realizar o exame, mas já foi a várias clínicas e nunca conseguiu fazer.
 
Segundo o médico radiologista Luciano Chala, do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Grupo Fleury, é possível realizar com alguma dificuldade o exame de mamografia em mulheres paraplégicas, mas no caso de tetraplégicas como Elza, o desafio é imenso. “Infelizmente, o desenho dos equipamentos de mamografia seguem um padrão e não existem equipamentos específicos para mulheres tetraplégicas”, afirma.
 
“O aparelho que realiza a mamografia tem a possibilidade de descer e pode chegar à altura da paciente cadeirante”, diz doutor Chala. “Porém, a realização do exame de mamografia exige a participação da mulher na hora de se posicionar. Ela tem que se projetar para frente, levantar o braço, algo que uma tetraplégica não consegue fazer”, completa.
 
No caso de Elza, um dos problemas é que geralmente o aparelho não consegue nem chegar até a altura de sua mama e também a clinica não possui acesso parra cadeirantes.
 
Alternativas
 
Segundo o doutor Luciano Chala, outros exames de imagem alternativos podem ser adotados para o rastreamento do câncer de mama em mulheres tetraplégicas. É o caso da ultrassonografia e da ressonância magnética, ambas realizadas com a mulher deitada. Porém, esses métodos não são padrão de rastreamento, mas sim exames complementares para o diagnóstico, de modo que, na mulher sem deficiência, eles não devem substituir a mamografia.
 
Elza Parente já se submeteu à ultrassonografia de mamas, mas não pode fazer a ressonância magnética porque tem muitos espasmos e não consegue ficar imóvel, para isso, teria que receber anestesia geral e devido a sua deficiência, a anestesia não é indicada.
 
Importância do exame clínico para o diagnóstico
 
Independentemente das inúmeras dificuldades enfrentadas pelas mulheres com deficiência, é essencial frisar a importância de se submeter todos os anos à avaliação clínica de um médico ginecologista ou mastologista. Sempre que possível, é também importante que a própria mulher realize o auto exame em suas próprias mamas, ou alguém de sua confiança faça o exame, capaz de reconhecer qualquer nova alteração que possa aparecer entre uma e outra avaliação médica.
 
Para doutor Rafael Kaliks, oncologista e diretor médico do Instituto Oncoguia, um bom exame clínico anual atrelado à ultrassonografia, tem grandes possibilidades de identificar a maioria das lesões que, em algum momento, seriam diagnosticadas pela mamografia. “Aliando essas recomendações, pouquíssimas mulheres deixarão de ser curadas de um eventual câncer somente pela impossibilidade de fazer a mamografia” completa ele.
 
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