Fernanda Mirisola/Divulgação
Gustavo Mendes, fisioterapeuta, também indica o aparelho para quem não apresenta deficiência (foto: Fernanda Mirisola/Divulgação)

“Sou instrutor de pilates desde 2008 e um dia, ao me exercitar em um equipamento, chamado wall unit, senti necessidade de tracionar as molas de modo que gerassem mais resistência (no método pilates, usamos molas para gerar resistência ou assistência durante o movimento). A partir daí, comecei a fazer alguns desenhos e, ao mesmo tempo, passei a estudar outros equipamentos e métodos afins. À medida que as ideias surgiam, fui observando que poderia desenvolver um equipamento e trabalhar com mais de um cliente simultaneamente e também incluir no projeto a possibilidade de um cadeirante estar dentro do equipamento, sentado na própria cadeira, o que ainda não era possível. Desse ponto em diante surgiram os desenhos finais e os primeiros protótipos.” Assim nasceu o Arcus – Estação de Molas, equipamento criado pelo fisioterapeuta Gustavo Mendes a partir da junção da fisioterapia, pilates, gyrotonic, corealign, dança e ioga, que alia treinamento funcional e reabilitação e no qual é possível fazer até 6.650 combinações de exercícios físicos dando acesso a cadeirantes.

Gustavo, que é paulista e mora em Sete Lagoas (ele é instrutor de pilates e RPG no Expressar Dança e Pilates), explica que o Arcus é um equipamento que funciona por meio de conexões de molas e alças para o movimento: “É projetado para reabilitação, treinamento funcional e pilates, ou seja, uma estação de molas multifuncional”. Ele destaca que o aparelho foi patenteado, embora fisicamente a estrutura dele pareça com um trapézio (cadillac), equipamento criado por Joseph Pilates. “O Arcus trabalha de forma diferenciada, adaptando-se ao movimento desejado pelo instrutor.”

A enfermeira Michele Ferreira da Costa, de 44 anos, faz sua atividade física no Arcus. Ela conta que em 2011 fez uma cirurgia para retirada de um tumor cerebral e, como sequela, ficou com paralisia nos membros inferiores por seis meses. Logo depois voltou a andar e retomou a vida normalmente. Mas em 2013 o tumor retornou, ela passou por radioterapia, encarou um tumor maior, intervenções cirúrgicas e perdeu os movimentos dos membros inferiores. “Atualmente, minhas limitações são para me locomover e para algumas atividades da vida diária, como tomar banho, trocar de roupa, calçar tênis, pentear cabelo sozinha, mudar de posição. Já fazia atividade física para melhorar o condicionamento e, após a cirurgia de prótese do quadril e preparatória para retirada do tumor, iniciei a fisioterapia. No hospital, fazia sessões diárias e continuei depois da alta para minha reabilitação global, pois não tinha nenhum controle do tronco, sem movimentos tanto dos membros superiores quanto dos inferiores. Minha irmã já havia feito aulas de pilates com o Gustavo e sempre fui admiradora da competência dele. Faço o Arcus desde o início do ano.”

Michele ressalta que, com os exercícios no Arcus, teve grande melhoria na coordenação motora, nos reflexos e nas suas respostas. “Fico mais estimulada para fazer os exercícios, sinto-me à vontade, voltando a ter prazer com meu corpo. Parece que estou resgatando o domínio do meu corpo. Sinto uma sensação de liberdade! É isso, sinto-me livre praticando os exercícios, leve, solta, bem diferente do dia a dia em que estou amarrada, atada à cadeira de rodas.”

AVANÇOS 

Fernanda Mirisola/Divulgação
“Estou conseguindo ultrapassar barreiras inimagináveis. Até para mim mesma. Estou mais feliz e mais segura” – Michele Ferreira Costa, de 44 anos, enfermeira (foto: Fernanda Mirisola/Divulgação)

Vibrando com suas conquistas, Michele só pensa em indicar o Arcus a outras pessoas porque “me trouxe muitos benefícios, tanto físicos quanto emocionais. Sei que por meio desses exercícios estou conseguindo ultrapassar barreiras inimagináveis. Até para mim mesma. Estou mais feliz e mais segura, por isso indico o Arcus para pessoas que, como eu, buscam recursos eficazes para melhorar a qualidade de vida. Faz bem para o corpo e para a alma. Faz bem para quem me vê, para quem me acompanha desde o início, para quem vive comigo”.

Michele revela que é uma alegria muito grande quando um músculo que não se movia passa a dar sinais, quando um movimento, por menor que seja, vai surgindo, ou simplesmente quando começa a se soltar e a se balançar sozinha no equipamento. “É uma vibração contagiante. E para mim, qualquer pequeno avanço representa muito. Significa reconhecer que o movimento está dentro de mim e que pouco a pouco ele vai despertando com a ajuda dos exercícios e de toda equipe que me apoia.”

Gustavo Mendes explica que o Arcus é indicado para “pacientes que necessitam de cinesioterapia para recuperar a função de um membro, por exemplo. Com relação ao grau de deficiência, vai depender do grau de controle motor do paciente que, nesses casos, devem ser avaliados pelo fisioterapeuta.” Com mais de 6 mil exercícios, que tipo de resultado é alcançado? “Na verdade, ele possibilita mais de seis mil combinações de molas, uma vez que tem 82 pontos de fixações de molas e elas ainda podem ser conectadas umas às outras, gerando vetores de força em todas as direções. Além disso, é possível associar acessórios do pilates e fisioterapia, como bolas, rolos e até mesmo outros equipamentos.”

O Arcus é comercializado pela Physio Pilates®, marca da Alice Becker, que, segundo Gustavo Mendes, é referência internacional da metodologia no Brasil e a maior no país na fabricação de equipamentos. Essa marca detém os direitos de comercialização do aparelho, que está presente em estúdios e clínicas do Brasil, nas cidades de Belo Horizonte, Sete Lagoas, Poços de Caldas, Oliveira, Porto Velho (RO), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Natal (RN).

Gustavo Mendes também indica o Arcus para quem não apresenta deficiência: “É um excelente equipamento para treinamento funcional, para ganho de força, mobilidade e flexibilidade possibilitando reproduzir movimentos de atividades esportivas como tênis, remo e até artes marciais. Vai depender do que o cliente necessita”.

O fisioterapeuta enfatiza que, em geral, o Arcus é indicado para profissionais que trabalham com movimento, como fisioterapeutas, educadores físicos, dançarinos e terapeutas ocupacionais. “Não é preciso ser fisioterapeuta, é necessário que o profissional passe por um treinamento para aprender como gerar os vetores de força desejados. Ele adapta-se tanto para academias, clínicas de reabilitação, escolas de dança e estúdios de pilates.”

Source: Fisioterapeuta cria equipamento inovador para cadeirantes – Uai Saúde