Mito. Segundo o dicionário é um relato fantástico de tradição oral, protagonizado por seres que encarnam as forças da natureza e os aspectos gerais da condição humana, uma lenda.
 
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Um fato bastante comum aqui no “Mão na Roda” é a abordagem me questionando sobre “teorias” a respeitos de nós, seres encantados e com deficiência! Já desmitifiquei em algumas postagens alguns desses mitos, contudo com o crescimento do blog, mais leitores estão sentindo-se a vontade pra questionar historinhas que foram contadas a eles desde suas infâncias. Por isso o motivo de eu reciclar esse assunto e trazê-lo novamente no post de hoje.
 
 
Senhoras e senhores apresento-lhes a reprise da “minissérie” Mitos e verdades sobre pessoas com deficiência!
 
No capítulo 01 temos a história da senhora “Fila Preferencial”. Existe prioridade nas filas prioritárias? Sim, você não leu errado e eu não estou ficando maluco. Acredite, mas isso causa uma confusão entre as pessoas que tem o direito a usufruírem dessa garantia. Muita calma nessa hora e muita hora nessa calma que, vou explicar bem simploriamente, é o seguinte:
 
Imagine a cena da fila preferencial num banco.
 
Sete clientes da agência estão aguardando atendimento através da fila prioritária. Entre os sete estão, uma senhora com idade entre 70, 75 anos, ela está em pé segurando uma bolsa e usando um sapato com salto Anabela de uns 7cm de altura. Temos ainda 3 senhores sendo que, o primeiro tem uma postura totalmente ereta e firme, mas tem 82 anos de idade. O segundo idoso usa bengala, tem 75 anos e aparenta muito cansaço pra ficar de pé, e o ultimo é um “tiozinho” no auge de seus “sessentões” apoiado no braço da filha. 
 
Por ultimo uma gestante com os pés bem inchados e com um barrigão de 37 semanas, um cego, e um cadeirante lindo de viver que escreve pra o G1, entretanto ele é dependente de oxigenador mecânico e está usando um oxigenador pequeno pra transporte, é ostomizado etc. O “blogueirinho” do G1 tem em sua companhia um enfermeiro que informa a todos a necessidade do cadeirante ser atendido com prioridade, pois ele precisa resolver outras demandas em outro lugar e que demandam tempo (pra o limite do oxigenador de transporte) que foi minuciosamente calculado antes de sair de casa. 
 
Caro leitor, pense num barraco prestes a explodir. Todos querendo o direito à prioridade. A “briga” está armada. O clima de uma luta do UFC domina o ambiente. O motivo? A gestante reclama alegando ter chegado antes do cego e do cadeirante. Os idosos ficam indignados, afinal a “vozinha” da Anabela afirma categoricamente que ninguém será atendido antes dela, pois ela foi a primeira a chegar. O vozinho da bengala retruca dizendo que se o pedido do enfermeiro for aceito ele passará na frente do “tiozinho” com postura ereta que, por sua vez afirmou que o atendimento deve ser por ordem de chegada, recebendo então o apoio do sessentão que estava apoiado na filha. 
 
E agora? Quem tem prioridade nessa prioridade? Existe alguma doutrina que resolva esse impasse? Respondo calmamente. Existe sim prioridade na fila preferencial. Quem disse isso? Uma doutrina “lindimais” da conta uai. A Lei 10048 de 08/11/2000 criou a obrigatoriedade do atendimento prioritário para as pessoas com deficiência, os idosos com idade superior a 60 anos, as gestantes, lactantes, pessoas com crianças de colo e aos obesos, ainda que os locais de atendimento possuam acomodações confortáveis. Mas, porém, contudo, entretanto e todavia com o objetivo de estender esse direito a demais pessoas, foi criado o projeto de lei n° 403, de 2016, que propõe a alteração da lei 10.048/2000, dando prioridade de atendimento às pessoas para assegurar o atendimento prioritário a pessoas com neoplasia maligna que estejam se submetendo a quimioterapia ou radioterapia.
 
Qual o motivo disso? Pacientes com esses diagnósticos enfrentam muitos efeitos colaterais como deficiência imunológica, diarreia, mal-estar, náuseas, vômitos decorrentes da aplicação dessas terapias durante o tratamento e, justamente por esses e demais fatores, eles não têm condições físicas para enfrentarem filas demoradas. Mais que justo, não? Pois bem… Esse projeto ainda está em tramitação na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), torçamos para que seja aprovado o mais rápido possível.
 
Até aqui tudo muito tranquilo. 
Mas complementando a lei 10.048/2000, o atual Presidente da República, sancionou a lei 13.466, decretando que todas as pessoas com 80 anos ou mais tenham prioridade de atendimento, inclusive em relação a outros idosos. Sendo um novo dispositivo legal, o objetivo dessa sanção baseia-se nas autênticas complexidades de locomoção, de movimento dos idosos octogenários. ENTRETANTO cabe mitigação em alguns casos levando em consideração alguns critérios subjetivos, por exemplo, situações em que aja gravidade e risco. Como? No atendimento de saúde o critério objetivo da gravidade sobrepõe ao da idade. Não entendeu?  Calma é fácil à compreensão.
 
No artigo 15 do estatuto do idoso, expressamente no parágrafo 7º prevê que “em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os demais idosos, EXCETO em caso de emergência”. Concluindo. Essa emergência num ambiente hospitalar ou similar, configura um critério subjetivo, pois considera a situação real de cada caso, ou seja, um idoso de 60 anos poderá ter prioridade em relação ao outro idoso de 80. Por quê? Obviamente pelo critério da gravidade e risco de seu estado de saúde. Fácil, não?
 
– “Uai Túlio, mas desde quando isso é lei?”.
– Desde quarta-feira uai! Mas a quarta do dia 12 de julho de 2017.
 
Okay. Até aqui continua tudo lindo, bem fácil de compreender. Mas e o deficiente visual citado no nosso exemplo? Ele tem direito de ocupar um lugar na fila preferencial? Sim, ele tem TODO o direito, pois o Decreto Federal nº 5.296/2004, precisamente nos artigos 5º, 6º e 7º, em suma rezam que o atendimento prioritário se enquadra a todas as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
 
Isto é, TODOS com deficiência física, auditiva, visual, intelectual, sensorial e múltipla. Evidenciando ainda que o texto destes artigos também discorre sobre a entrada, a sinalização, o mobiliário e sobre os serviços de atendimento que devem constar nas instituições financeiras. Compreendido isto, como fica a prioridade na “nossa” fila prioritária do papo de hoje? Simples demais. Praticando o BOM SENSO e o ALTRUÍSMO.
 
Temos leis que garantem o direito do indivíduo em sua coletividade ou singularidade. A doutrina, estatutos, legislações, constituições etc são bem práticas e não deixam dúvidas sobre nossas demandas como parte da sociedade. Temos nossos direitos garantidos e deveres exigidos. Mas com base no tema de hoje e nas leis que citei, o atendimento preferencial refere-se às pessoas que gozam desse direito não com exclusividade apenas aos caixas ou guichês de autoatendimento.
 
Entra em campo a real NECESSIDADE do indivíduo seja ele idoso, gestante, deficiente, obeso. Por exemplo, na nossa fila o idoso com a postura totalmente ereta e firme, mas um senhor de 82 anos de idade teria total prioridade no atendimento segundo a teoria. A senhorinha estilosa com salto Anabela seria a segunda, o tiozinho da bengala e o sessentão seriam o terceiro e quarto, e  posteriormente a gestante, o deficiente visual e o cadeirante vocacionado a jornalista.
 
Entretanto… Sejamos bons seres humanos, finjamos que temos nossos corações transbordando respeito, sensibilidade, generosidade etc… Obviamente que com tanta coisa boa exalando em nossas atitudes, o cadeirante “vocacionado” a repórter do “Fantástico” e que é dependente de oxigenador tendo um tempo limite para a interrupção da medicação (sim, oxigênio é medicação) deveria ter total prioridade no atendimento. Seguindo esse raciocínio da necessidade, o tiozinho com 75 anos que apresenta grande cansaço pra ficar de pé e faz uso de uma bengala deveria ser o segundo na fila, seguido pela gestante com os pés bem inchados e com um barrigão de 37 semanas que a tortura quando fica de pé.
 
Depois seria a vez do idoso octogenário, mas que tem uma postura firme e equilibrada. Em seguida deveria ser a “vozinha” estilosa, afinal se ela tem estilo pra passear com um salto de 7cm, deduzo que ela consiga tolerar uma fila por mais tempo que os clientes que a antecederam e, por os últimos seriam o “tiozinho” no auge de seus “sessentões” apoiado no braço da filha (Que pra mim a filha é quem resolveria alguma coisa e usou o pai como passaporte da agilidade, mas por via das dúvidas sacumé?) e o amigo cego, afinal ele não enxerga, mas tem um “corpitcho” de dar inveja em qualquer “Mauricinho” que se entope diariamente de uma dúzia de ovos, frango, batata doce e selfies na academia.
 
Simples. Não? Entretanto eu sou brasileiro e infelizmente eu sei que nossa “nação” adora problematizar o que não precisa ser problematizado. Ou seja, mesmo com a explicação super “sensata” e prática que fiz, tenho certeza que alguém está discordando da prioridade que estipulei “fora” da doutrina. Afinal cada um quer defender sua “classe”. 
 
Justamente por essa convicção da discordância e egoísmo brasileiro, eu asseguro a todos que necessitam usufruir o direito da fila preferencial que SEMPRE, vou repetir, SEM-PRE que houver a NECESSIDADE de prioridade na prioridade (fácil de compreender), TODOS PODEM e DEVEM solicitar o atendimento mais ágil sobre os demais. Seja em filas preferenciais de instituições públicas ou privadas. 
 
Recomendo que anunciem ao responsável pelo atendimento a inevitável, a  indispensável, imprescindível, primordial necessidade de prioridade. É correto e indispensável que não se faça isso em benefício próprio por safadeza, por favor, sejam humanizados, senão terei que colocar seus nomes no meu caderninho de capa preta (um diário sobre “pecados” como estacionar em vagas preferenciais e que merecem punição e oração pela salvação das almas). Bem “fácin”, né? Pois bem… Compartilhem essas informações, tenho certeza que você conhece alguém que precisa de esclarecimentos sobre tais direitos.
 
Caro leitor… 
Eu deveria encerrar nesse minuto…
 
Entretanto, se você é ou conhece algum cidadão com deficiência e que tenha bons mitos, verdades e curiosidades sobre nosso “universosinho”, compartilhe com a gente essa “demanda”, afinal o Mão na Roda compartilha a ideologia de mencionar os “fatos” com total respeito e muita transparência, afinal o que é um mito pra você, pode ser a nossa verdade ou o contrário. Lembrando que a inexistência de um bom diálogo sobre a existência de opiniões incertas aumenta a geração de preconceitos. Que consequentemente são transmitidas inconscientemente como normais. E qual a solução pra amenizar tamanha confusão? Conversarmos a respeito. E foi isso que procurei fazer entrevistando algumas pessoas com deficiência sobre o assunto. Acompanhe:
 
A primeira é a estudante Lusdélia Silva de 35 anos, ela é deficiente visual: 
 
“Túlio, as pessoas falam alto com a gente como se fossemos surdos (risos). Acontece muito! Outra coisa que é muito comum no dia-a-dia é uma pessoa apontar o dedo como se a gente estivesse vendo, (risos). Isso acontece muito dentro do ônibus, quando a pessoa não quer ceder o lugar, sempre apontam o dedo para o lugar vazio. Minha mãe está sempre comigo, e ela me fala quando isso acontece, (risos). Túlio, outra coisa que infelizmente é muito comum, quando não se tem a visão, é que somos vistos como seres transparentes, pois as pessoas passam por nós e cumprimentam só nosso acompanhante (risos). Em nossas rotinas passamos por várias situações, espero compartilhar mais vezes com as pessoas através do seu blog no G1”.
 
O segundo entrevistado foi um “mineirin” custoso demais, ele é o Bruno Araújo, deficiente visual ou “cegueta” pra os íntimos, tem 21 anos e é estudante de Direito. O Brunão fez questão de mencionar que é estagiário num escritório de advocacia e, que é um excelente músico. Pois bem, depois da venda do “peixe” desse ceguinho lá de Monte Carmelo, segue o relato: 
 
“Túlião, uma coisa engraçada e que acontece muito comigo, e aconteceu esses dias, é o fato de que quando estou na rua e peço ajuda ao pessoal… alguns “kéeeridos” (censurado em respeito a moral e os bons costumes da família brasileira #SQN), eles saem me puxando pela bengala. Geralmente quando isso acontece, eu solto a bengala na mão da pessoa, e fica por isso mesmo. Outra coisa é quando algumas pessoas me perguntam: “Você viu tal filme?”. Mas imediatamente pedem desculpas e falam: “Você  não vê o filme né?! Você escuta o filme.”. Pô Túlião… “Cara Léo” sô! Eu também tenho o direito de assistir o filme, uai. (Risos).Uma vez eu pedi uma ajuda na rua e o cara me disse, fica na próxima rua, em uma casa com o portão branco, então eu disse: “Obrigado, não sabe o quanto me  ajudou!”
 
A terceira história é da uberlandense Camila Pilares, ela tem 26 anos e é atleta:
 
“Ai Deus me lembro de um. Eu era bailarina de dança do ventre, aí era o meu aniversario de 15 anos, aí quando me apresentei dançando no chão, um dos convidados disse que não achava bonita a forma na qual eu apresentava. Mas era mentira, pois no meu ponto de vista quem estava ali pra me ver me aplaudia de pé independente ou não se eu estava na cadeira. Todas as minhas gafes aconteceram na escola, pois eu sempre caia da cadeira. (Essa história da Camila deixa bem claro que na cadeira ou fora dela, é possível sensualizar minha gente! Tem que ter muita coragem e amor próprio, seja com dança do ventre ou um forró pé de serra. Sucesso Camila.)
 
O também uberlandense e atleta paralímpico, Luciano Bezerra Dantas de 35 anos disse:
 
“Então cara, eu tenho nanismo, mas nem sempre as pessoas PRECISAM se abaixar para falar comigo”. (Então já sabe caro leitor, quando for conversar com alguém com naninsmo, pergunte qual a melhor “posição” para você conversar com ele. Em pé ou sentado?).
 
O nosso quinto personagem tem 46 anos e é funcionário público municipalele solicitou que eu o identificasse através de um nome fictício. Respeitei a exigência e o chamarei de Fernando. Ele contou o seguinte:
 
“Túlin, eu sou autista. O fato desse diagnóstico ser considerado um “espectro” e consequentemente não ser visível “fisicamente” como deficiência, quando eu comento que tenho autismo, as pessoas se espantam e reagem com aquele infeliz comentário: “Nossa nem parece!”. Há também os que fazem perguntas, por exemplo: “Você nasceu assim? O que causa?”. Mas o pior de todos são os que “recuam” sem demonstrarem um pingo de amabilidade ou altruísmo. Na verdade meu caro, a maioria faz isso. Nós autistas, desenvolvemos uma hipersensibilidade a um dos sentidos, por exemplo, a aversão a lugares como o Parque do Sabiá, os shoppings etc por causa do excesso de barulho. Nós ainda não gostamos de contato físico. Mas no meu caso essa questão do contato físico soa um pouco de estranheza, pois eu realizei o sonho de me tornar pai, entretanto quanto menos contato, pra mim é melhor. O garotinho que você vê na minha foto é o meu filhão, meu pequeno, ele também tem autismo, mas é mais comprometido que eu, a versão a barulho e toque é mais aflorada nele. Alguns dos muitos mitos que cercam nossas vidas com o espectro é o de que vivemos num mundo a parte. Isso é um absurdo! Obviamente que o diagnóstico tem “graus” distintos, mas nós em maioria temos clareza do que acontece ao nosso redor, vivemos no mesmo planeta que todo mundo (risos). Outro mito bem latente é que não somos capazes de desenvolvermos intelectualmente. Sem comentários, né Túlio! Ah pra concluir nós não temos a compreensão de rótulos, cargos, títulos, mas quando mostramos isso, e tratamos as pessoas com igualdade, alguns acham “engraçado”, outros estranham. Por exemplo, o meu “pequeno” chama todos que conhecem como tio e tia, seja o médico, terapeuta professores etc. Agora a dica de uma grande verdade que eu quero que publique é a que quando alguém for conversar com um autista, use uma linguagem clara, simples, objetiva, exata, evite o uso de linguagem figurada. Afinal, alguns de nós não abstraímos a mensagem. Resumindo, quanto mais sentido literal mais fácil será a compreensão da conversa. “Túlin” não sei se você sabe, mas o Bill Gates é autista (moderado, mas é). Existem vários atores em Hollywood que são. Acredita-se que Bethoveen também era (não existia o reconhecimento cientifico naquela época, mas a literatura especifica o cita como autista por causa de vários fatores.). É isso cara, espero ter ajudado”.
 
E o ultimo entrevistado foi o Flávio Heron, ele tem 32 anos, é roteirista e amputado (ausência do braço direito). Confesso que me identifiquei com ele pra “Cara Léo”, ele tem uma acidez leve em relatar situações em que se vê “obrigado” a enfrentar. Ele disse o seguinte: 
 
“Bom, no meu caso, quando as pessoas me cumprimentam com um aperto de mãos, geralmente se confundem. Por exemplo, primeiro vêm com a mão direita, imediatamente recolhem e estendem a esquerda, mas quando eu é que estendo a minha mão primeiro, eles nem sempre conseguem reagir e a gente fica girando as mãos tentando se “agarrar”. Cara, sinceramente não tem um jeito certo, porque elas não se dão conta imediatamente da ausência do meu braço direito. As mais atentas dão a mão esquerda ou giram a direita. Além disso, tem o comportamento assistencialista na rua. O exemplo clássico é oferecer o assento do ônibus mesmo quando não levo absolutamente nada na mão, nem pendurado, enfim. Como se eu não conseguisse ficar de pé segurando as barras! Tentando me visualizar na terceira pessoa, imagino que pra elas sou vulnerável aos trancos e balanços dentro do ônibus. Bom, quem leva sacolas ou pilha de livros nos braços ta na mesma situação. Honestamente eu não consigo pensar em mitos ou verdades no meu caso. Ahhhh… mas conheço umas “regras” como não levar pessoas cegas pelo braço, mas apenas oferecer o apoio no trajeto. Fiz isso uma vez no terminal, apenas ofereci meu braço, o cara se apoiou e eu só tive que dizer em qual plataforma estávamos. Se ajudar, ao cumprimentar alguém que só tem o braço direito e por ser um gesto inconsciente, a confusão vai se repetir mesmo com quem já te conhece a mais tempo. É ter bom humor apenas. Ah e as meninas não esperem ser carregadas nos braços do herói que só tem o braço esquerdo, só se ele for super poderoso, halterofilista. Mas lógico que dá pra segurar como se fosse uma criança de colo dependendo do tamanho da “lenhadora de jardim”, se é que me entende. Vi no seu blog que já abordou temas envolvendo relacionamento amoroso, sexo, crushes, etc. Não sei se ficaria repetitivo, mas converso com muita gente e me perguntam se me envolveria com uma garota deficiente. Cai no mito do seu último post, sobre o clube dos “PNE”. Parece um inconsciente provocado por casos expostos em reportagens, filmes de casais com Down, enfim, que eleva pra um novo nível da cara metade como se eu precisasse encontrar a “mina” dos sonhos sem o braço direito e assim formaríamos um espécie de super gêmeos. Ou sem o braço esquerdo, um espelho! Não sei se falaram pra você, mas quando o assunto envolve “App’s” de relacionamento já tive minhas decepções porque pra elas eu fui, de certa forma, também uma “decepção”. Resumindo, achavam que eu deveria ter fotos de corpo inteiro pra mostrar a falta do braço pra não causar surpresa, espanto quando nos encontrássemos na real. Acreditavam ainda que eu deveria abrir o jogo como “olá, sou fulano, não tenho um membro”, como se isso fizesse parte do meu cartão de visitas. Esse assunto tem vindo à tona, muito influenciado pelo seu blog. Quem lê realmente faz uma reflexão sobre a realidade e revê muita coisa sobre si. Quem entende seu tom provocador e ácido sem cair numa falácia do espantalho, sabe o marco que seu trabalho representa. Túlio é difícil pontuar, não penso tanto nessas coisas a menos que experimente cada situação, afinal sou um cara solteiro, moro sozinho e costumo dizer aos curiosos que só não faço coisas que pessoas com os dois braços não conseguiriam fazer.”
 
 
Bom pra essa quinta-feira é isso, resalto que existem muitos mitos e verdades sobre deficiências, por isso, continuarei em outras postagens promover o diálogo sobre essas curiosidades saudáveis em busca de informações e o convívio natural com pessoas diferentes, mas iguais. 
 
Afinal, quando conhecemos e compreendemos a diferença do outro, conseguimos refletir o altruísmo e respeito, ficando bem mais fácil combater qualquer preconceito. Ahhh… Externo minha gratidão a cada um dos deficientes que me autorizaram compartilhar suas histórias, obrigado ainda pelos feedbacks enviados, salvei todos na minha pasta “IMPORTANTE”. Foi um grande prazer receber a confiança de pra com o “Mão na Roda”. Bom…
 
Fonte: g1.globo.com