por Adriana Buzelin

O que para muitos podem ser uma tarefa fácil, para algumas pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida ou que possuem alguma particularidade, por conta de algumas limitações como vestir e despir, muitas vezes são obstáculos a serem ultrapassados. Escolher o look certo, além de mexer com autoestima, também é uma forma de independência.

Acredite! Não é nada fácil achar uma que combine com o tipo físico e ocasião.

A moda deveria ser para todos e é baseado neste conceito que cada pessoa deveria ter acesso a seu estilo escolhendo peças de vestuário com mais facilidade. Por isso o surgimento da moda inclusiva.

Mas a moda inclusiva tem muitas nuances e eu tenho a forte convicção de que não é necessário segmentar para atender este público. Ao mesmo tempo que inclusão é conseguir encontrar, mesmo que no mercado tradicional, roupas que se adaptem ao seu corpo te fazendo sentir bela e ao mesmo tempo confortável é também ter oportunidade de escolher suas peças em empresas voltadas para moda adaptada. Porém poucas empresas investem neste nicho de mercado por não perceber que cerca de 24% da população que tem algum tipo de deficiência, algo em torno de 46 milhões de consumidores. Apontando esses números, esse pode ser um caminho de ótimos negócios. Além de lucrar, os empresários de roupas baseadas no desenho universal podem melhorar e muito a qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Alternativas existem. Roupas feitas a mão acaba sendo a ótima opção para muitos, porém possuem custos elevados. Trocar o botão por velcro, botões com imã, escolha de tecido mais leve, costura para o lado externo, aberturas laterais e etiquetas em braille, são formas de tornar uma roupa acessível, para consumidores com algum tipo de deficiência ou alguma particularidade.

As produções de peças são em pequenas quantidades, muitas vezes confeccionadas à mão, disponibilizadas em lojas virtuais que de certa forma ajuda o consumo visto que as lojas físicas, em sua grande maioria, ainda não possuem provadores adaptados apesar de ser uma lei que infelizmente não é cumprida. Assim ainda se torna necessário pesquisar caminhos econômicos, para não deixar o produto final com preço elevado, em comparação as roupas não adaptadas.

Mas adaptar roupas não é novidade para nós. Roupas para bebês é uma forma de adaptação, afinal elas facilitam muito o cuidador e os pais neste processo de vestir. O que deveria ser corriqueiro e fácil se torna complexo, pois além das roupas, os sapatos também estão carentes em adaptações.

Pessoas já na terceira idade e com numerações maiores também enfrentam grandes dificuldades para se vestirem, pois a mobilidade pode estar comprometida e passam encarar algumas limitações. Aí comprar roupas pode se tornar realmente um grande desafio para estas pessoas que fogem do padrão exigido por uma sociedade cada vez mais escrava de esteriótipos com rígidos critérios de beleza.

Foi pensando nisto que criei o projeto Retratos Inclusivos, projeto que recebe o nome da coluna da fotógrafa Kica da Castro dentro da Revista Digital Tendência Inclusiva idealizada por mim e criada em novembro de 2014. O projeto foi lançado com uma exposição itinerante celebrando a diversidade feminina.

Retratos Inclusivos veio com o intuito de quebrar paradigmas escancarando aos olhos da sociedade para o fato de que pessoas podem ser belas mesmo não seguindo um padrão de beleza.

Com a convicção de que esta primeira série do projeto fizeram a diferença na vida de 13 mulheres que foram selecionadas na grande Belo Horizonte e de toda equipe composta por marcas famosas na região Sudeste, a exposição Retratos Inclusivos, com pioneirismo, traduziu ousadia ao apresentar fotos das quais fizeram muitas pessoas refletirem o conceito de beleza.

A exposição Retratos Inclusivos foi lançada no shopping DiamondMall no dia 22 de agosto ficando aberta ao público até dia 4 de setembro com fotos assinadas por Kica de Castro apresentando mulheres com algum tipo de deficiência, plus size e já na melhor idade.

Como grande repercussão, após a data seguiu para a Feira Mobility & Show SP no stand da Tendência Inclusiva nos dias 15 à 17 de setembro no Campo de Marte em São Paulo. Participou da abertura do projeto Vai Mundo, dentro da programação do MUSEO MIX MG, na Academia Mineira de Letras em Belo Horizonte, abrindo visitação no dia 2 de outubro, encerrando no dia 5 de outubro presenteando as selecionadas com sua foto exposta em toda exposição.

Em São Paulo, abriu a Conscientização do Outubro Rosa, no dia 7 de outubro na Câmara Municipal da capital. Encerrando a primeira fase da exposição, no final de outubro, na Feira Rehafair em São Paulo.

Agora é aguardar a segunda fase do projeto Retratos Inclusivos que promete muita diversidade e inclusão, acreditando ter despertado consciência para o que deveria ser uma tendência na moda está esquecido pelas empresas que não investem em um nicho de mercado grande e promissor.

Foto: Adriana Buzelin  por Alessandra Duarte

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Adriana Buzelin é é criadora e editora da Revista Digital Tendência Inclusiva, Produtora do Programa Viver Eficiente, Coordenadora da Secretaria do PV Mulher do Estado de Minas Gerais e de Direitos Humanos e Diversidade do Partido Verde de Belo Horizonte. Cursou relações públicas, produção editorial e design gráfico. Modelo publicitária antes de se acidentar, hoje faz parte da agência de modelos inclusivos Kica de Castro. É a primeira mergulhadora tetraplégica mineira registrada pela HSA. Adriana luta pela inclusão social, pela diversidade em todos seus aspectos, pelas mulheres e pela aceitação das diferenças.