O segmento sempre questionou a ausência de modelos com deficiência física nas passarelas do maior evento de moda do Brasil e o mais importante da América Latina que é o São Paulo Fashion Week  (SPFW), além de ser a quinta maior Semana de Moda do mundo, depois das de Paris, Milão, Nova York e Londres.
No ano de 2011 algumas ações de marketing foram feitas nas passarelas externas do evento, desde então, edição após edição contatos foram feitos para mostrar aos estilistas que os profissionais com deficiência são referência de beleza e altamente qualificados para esse mercado de trabalho.
No ano de 2016, Alexandre Queiroz, responsável por selecionar casting para vários eventos, entra em contato para aprofundar os conhecimentos do universo da pessoa com deficiência e saber quem são os profissionais disponíveis. Um ano marcado por diálogos, trocas e uma ponta de experiência que no ano seguinte a oportunidade de trabalho seria uma realidade.
Chegou 2017 e logo no começo do ano, mais precisamente em fevereiro,  contatos para 43ª edição do SPFW são realizados, sem sucesso.
Meses passando, trabalhos sendo realizados, inclusive montagem de nova exposição fotográfica: Retratos Inclusivos, realizada em Belo Horizonte (MG), em parceria com a revista digital Tendência Inclusiva.  Montar exposição requer dedicação e por conta disso novos tentativas de contato entraram na planilha de 2018.
Para grata surpresa, o telefone da agência toca, número do Rio de Janeiro, era Alexandre Queiroz com a proposta de contratar modelos com deficiência física para desfilar na 44ª edição do SPFW.
Material enviado e 2 modelos com amputação de membro inferior foram selecionados: Ravelly Santana, 22 anos e Vagner Molina de 47 anos, que inclusive abriu o desfile.
Bruno Alencar, 28 anos, também com amputação de membro inferior, foi selecionado por outra agência e pós evento foi inserido no casting da agência Kica de Castro Fotografias.
O desfile aconteceu no dia 30 de agosto, no Parque do Ibirapuera. A palavra inclusão fez parte desse momento como um todo. Primeiro que o desfile foi na parte externa, ao lado da OCA, onde todos puderam assistir a inclusão na passarela. Além de modelos com deficiência, também estavam presentes pessoas da melhor idade, plus size, negros, trans e albinas.
A coleção primavera-verão 2018 foi assinada pelo renomado estilista mineiro Ronaldo Fraga, que apostou na diversidade, inspiração foram as praias democráticas dos anos 20 e recebeu o nome poético de “As praias desertas continuam esperando por nós dois”.
Fraga apostou na cartela de cores: rosa seco, preto, branco e um bege quase dourado. Acessórios também marcaram presença, como os óculos personalizados pela marca Moon Moda e calçados da Nuu Shoes.
Texto e fotos: Kica de Castro. Publicitária e fotógrafa que desde de 2007 tem uma agência de modelos exclusiva para profissionais com alguma deficiência.