Apesar de ter pago um alto valor para entrar no evento Na Praia, a experiência da autônoma Juliana Moreira, 36 anos, foi de constrangimento. Cadeirante há quase três anos, após sofrer um acidente, a mulher alega ter sido impedida pela segurança de utilizar o banheiro na festa. Acabou passando pela desconfortável situação de ficar com urina na roupa no meio do evento.
 
De acordo com Juliana, foram duas as situações de constrangimento no Na Praia. A autônoma conta que, por conta da deficiência, faz xixi por meio de uma sonda de alívio, que precisa ser esvaziada de quatro em quatro horas, sem atraso. Para despejar o líquido, ela tem de ir ao banheiro acompanhada do marido, que a ajuda a se equilibrar.
 
A primeira ocorrência foi em 19 de agosto, no dia do show da dupla Jorge e Mateus. Segundo a autônoma, ao tentar entrar no banheiro acompanhada do marido, acabou impedida por uma segurança da festa. A situação só teria sido resolvida após a chegada de um dos organizadores do evento. Nesse dia, o casal desistiu de registrar uma ocorrência por acreditar que aquilo não se repetiria.
 
No entanto, em 2 de setembro, a cena ocorreu novamente. Juliana alega que, mais uma vez, ao tentar entrar no banheiro acompanhada do marido, foi impedida pela mesma segurança que já havia causado o constrangimento anterior.
 
Ela disse que eu só passaria por cima dela e teria que esperar a chegada do chefe de segurança. Eu falei que precisava ir ao banheiro naquele instante e várias pessoas criticaram a atitude, mas ela não quis saber. Quando o chefe chegou, cerca de 20 minutos depois, pude entrar no banheiro, mas percebi que já havia urina na minha roupa”
 
Juliana Moreira, cadeirante impedida de entrar no banheiro do Na Praia
 
A autônoma afirma que, ao sair do reservado, pediu o nome da segurança que a barrou para entrar com uma ação judicial contra ela e a empresa, mas o chefe da área teria se recusado a fornecer a informação e a deixado falando sozinha.
 
“Depois disso, fomos embora porque não havia mais nenhuma condição de ficarmos lá. Eu fiquei muito machucada, pois ainda não me acostumei totalmente à minha condição de cadeirante e isso doeu muito. No dia seguinte, só conseguia chorar”, desabafa Juliana.
 
Após o ocorrido, ela registrou ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) e também reúne documentos para entrar com uma ação judicial contra o Na Praia. “Eles se vendem como um evento diferenciado, com acessibilidade para deficientes e tudo mais. O que aconteceu comigo, no entanto, só mostra despreparo”, finaliza a autônoma.
 
Acionada pelo Metrópoles, a organização do Na Praia lamentou o ocorrido com Juliana Moreira e reafirmou “sua preocupação e atenção para com as necessidades do público portador de deficiência”. Confira a nota da produtora na íntegra:
 
“A produção do Na Praia esclarece sua preocupação e atenção para com as necessidades do público portador de deficiência. Durante todo o projeto foi uma meta do evento atrair pessoas com deficiência enquanto público e também como profissionais em sua equipe de trabalho.
 
Todos os itens essenciais por lei que garantem acessibilidade faziam parte do projeto, incluindo rampas, área elevada para cadeirantes, banheiros adaptados e passagens firmes para pessoas com dificuldade de locomoção estavam à disposição.
 
O Na Praia em 2017 teve como meta provocar no público “Uma nova consciência” e isso inclui o respeito total às diferenças. Lamentamos o ocorrido com Juliana Moreira no dia 2 de setembro e reforçamos nosso compromisso em atender com excelência a qualquer indivíduo que queira se divertir em nossos eventos.”