A linguagem dos quadrinhos, segundo a autora, favorece a representação do que é ter autismo e do que se passa na cabeça de quem vive com TEA (Transtorno do Espectro Autista)

Julie acredita que a linguagem dos quadrinhos favorece a representação do que é ter autismo

O diagnóstico de autismo, aos 27 anos, alterou a vida da francesa Julie Dachez. Antes, ela não entendia por que se sentia tão deslocada de tudo e de todos. Nem por que qualquer mudança era uma hecatombe no seu cotidiano. Essa descoberta, que baseou o quadrinho “A diferença invisível”, a permitiu entender e aceitar melhor a razão de a vida considerada normal ser tão penosa para ela.

A obra, publicada agora no Brasil pela editora Nemo, foi produzida em parceria com a desenhista e ilustradora Mademoiselle Caroline. A história contada na HQ é realmente um retrato dela. A protagonista, chamada de Marguerite (nome do meio de Julie), passa por situações bem parecidas com as que ela viveu para enfrentar o autismo e as diferenças.

Há um salto muito grande, no quadrinho, quando a protagonista descobre que tem autismo. Isso abre para ela a possibilidade de se aceitar e compreender o que ocorria antes. “Após 10 anos de peregrinação, esse diagnóstico me libertou porque veio me dar uma palavra sobre a minha diferença”, contou Julie, em entrevista a um blog de quadrinhos francês.

Ela acredita que a linguagem dos quadrinhos favorece a representação do que é ter autismo e do que se passa na cabeça de quem vive com a síndrome. “Eles permitem que os leitores compreendam concretamente o que acontece na cabeça de uma pessoa com Asperger. É importante reconhecer o trabalho da ilustradora, que conseguiu entrar na minha pele e transcrever perfeitamente meus sentimentos”, comentou.

Julie, além de publicar a história em quadrinhos, se mantém ativa em diversas plataformas (blog, canal no YouTube, entre outros projetos) para falar sobre autismo e a necessidade de se lidar de maneira diferente com a síndrome.

 

Fonte: Correio Braziliense