Comitê organizador dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens testa bancada com menos de 50cm de altura, adaptada para usuários de cadeiras de rodas e anões. Atletas celebram “liberdade”

Por Flávio Dilascio, São Paulo

 

As enciclopédias dizem que liberdade significa ausência de submissão e servidão. Para uma pessoa com deficiência física, a independência para realizar tarefas diárias pode ser sinônimo de se sentir livre. Partindo desta premissa, o Comitê Organizador Local dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens decidiu inovar ao tornar o refeitório do evento 100% acessível. Cadeirantes, anões e demais atletas têm à sua disposição uma bancada de self service de cerca de 50cm de altura. A ideia é fazer com que os próprios atletas com limitação de estatura se sirvam nas horas das refeições, sem a necessidade de ajuda. O self service acessível tem sido um dos pontos mais elogiados pelas delegações dos 19 países que participam dos Jogos.
 
A gente sempre pensa em fazer o maior número de adaptações possíveis para que o atleta não fique dependente. No mesmo dia em que colocamos essa b Aqui no restaurante conseguimos fazer isso no segundo dia. Percebemos que estava um pouco difícil para os atletas de estatura mais baixa e cadeirantes e era muita gente para os garçons auxiliarem.ancada mais baixa fomos procurados por muita gente que elogiou a iniciativa – afirmou o diretor-técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Edilson Alves da Rocha, o Tubiba.

Click AQUI para ver o vídeo.

Além da bancada acessível, algo inexistente até em Paralimpíadas, oito garçons estão disponíveis para os atletas e membros de comissões técnicas que não têm condições físicas de se servir sozinhos. Localizado próximo ao Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, o restaurante do Parapan tem atendido uma média de mais de 1 mil pessoas por dia. A boa acessibilidade do local tem impressionado os estrangeiros, como o peruano Raul Fernandez, do basquete em cadeira de rodas.
 
Foi muito bacana encontrar uma estrutura toda montada para as pessoas com cadeiras de rodas se servirem sozinhas. Nunca havia visto isso em eventos esportivos, muito menos em restaurantes comuns. É uma sensação bacana de liberdade. Gosto de fazer as minhas coisas sozinho – disse ele.
 

 

    Colombianos se servem na bancada mais baixa do refeitório dos atletas (Foto: Flávio Dilascio)

Colegas de modalidade da Raul, os brasileiros Wellington, Denilson, João Paulo e Muller também elogiaram a iniciativa. Assim como o peruano, o quarteto do basquete em cadeira de rodas do Brasil nunca tinha visto uma bancada compatível com a altura das cadeiras de roda.
 
Geralmente os restaurantes não são adaptados para pessoas em cadeira de rodas. Achei essa mudança muito bacana. Esperamos que isso sirva de exemplo para eventos futuros – disse Denilson.
 
A função de servir atletas paralímpicos também tem emocionado os garçons que trabalham oferecendo seus serviços às pessoas com maior deficiência locomotora. Para Tamiris Moreira, garçonete do restaurante, a experiência tem sido muito engrandecedora.
 
Atletas e membros das comissões técnicas também têm a opção de pedir ajuda de garçonetes (Foto: Flávio Dilascio)
Estou achando esse trabalho super bacana. Todos os atletas que atendemos são muito educados. Nunca tive contato com o esporte paralímpico, e está sendo muito enrriquecedora a experiência de trabalhar nesse evento – destacou.
 
A quarta edição dos Jogos Parapan-Americanos acontece até sábado, no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Participam do evento atletas com idade entre 13 e 21 anos. O Brasil lidera o quadro de medalhas com 18 ouros, 11 pratas e seis bronzes, seguido pela Colômbia, com 12 ouros, 11 pratas e cinco bronzes.