Existe uma palavra que descreve muito bem o motivo pelo qual existem tantos ciclistas cada vez mais apaixonados pelo esporte: SUPERAÇÃO. E ninguém melhor para falar sobre superação que nossa querida dupla de para-atletas, Maria Pinheiro e Priscila Santos. Elas formam uma das duplas mais prestigiadas do paraciclismo brasileiro e tem muita coisa pra ensinar pra gente. Confere aí:

1- O que despertou seu interesse pelo ciclismo? Como você começou a pedalar?

Comecei a pedalar em 2010 através da fundação ADVIR, uma associação para deficientes visuais. Minha primeira competição foi no PARAJASC, onde competi com uma bicicleta Tandem urbana. Em 2011 já enfrentei meu primeiro Campeonato Nacional de Ciclismo Tandem, ainda com pneus slick urbanos. Somente em 2012 comecei a pedalar com uma bicicleta mais profissional.

Entrevista

Entrevista com as atletas na Free Force – Janeiro 2017

2- Como funciona sua rotina?

Maria: Pratico exercícios de segunda feira à sábado, mesclando sempre musculação, natação, pilates e pedais no rolo em casa. Um ou duas vezes por semana eu e a Priscila pedalamos juntas, quando vou até Joinville ou ela vem até aqui.

3- Qual a principal mudança que a bicicleta trouxe para sua vida?

Maria: Minha vida mudou por completo. Não consigo me imaginar hoje sem o ciclismo na minha vida.

4- Qual a principal competição que vocês participaram até hoje?

Priscila: Como uma dupla, a mais importante ficou por conta da 4ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Ciclismo Tandem, que aconteceu em Aracajú/SE, onde nos consagramos Vice-Campeãs da temporada 2016. Para a Maria, foi também no Campeonato Brasileiro, porém no ano de 2013, onde foi a Campeã Brasileira.

Vice-Campeãs Brasileiras

Vice-campeãs brasileiras – 2016

5- Ser um atleta de ciclismo no Brasil não é fácil. Ser um para-atleta então, deve ser mais difícil ainda. O que motiva vocês a continuar competindo?

Maria: Para mim ser uma atleta é até questão de saúde. O ciclismo funciona como uma terapia para meu problema de Glaucoma, aliviando a pressão no meu olho. Por esse motivo, como já falei anteriormente, não consigo me imaginar sem o ciclismo na minha vida.

Priscila: O esporte por si só já é algo muito presente na minha vida. Aliado ao fato da minha competitividade, junto o útil ao agradável e sacio um pouco dessa minha sede.

6- E a meta de vocês para a temporada 2017, qual é?

Conseguirmos conquistar o Campeonato Brasileiro e conseguir o apoio da Seleção Brasileira para competir em provas nos Estados Unidos, Bélgica e Itália.

Maria e Priscila

7- Qual o maior desafio que vocês precisam enfrentar em seus treinos?

A parte da comunicação em momentos de emergência. Muitas vezes estamos em alta velocidade e precisamos nos desviar de algum obstáculo que surge de surpresa em nossa frente. Na maior parte do tempo nos comunicamos tranquilamente por voz, diz Priscila, porém nessas situações emergenciais nem sempre conseguimos avisar. Além disso, a bicicleta Tandem atinge velocidades maiores que uma speed normal, por contar com 2 ciclistas pedalando em sincronia. Isso aliado ao fato de ser mais comprida e seu quadro de carbono mais maleável, as vezes não nos acidentamos por pouco, completa Maria.

Prova

8- Vocês têm alguma comunicação diferenciada para agilizar a tomada de decisões durante os treinos e provas?

Além da comunicação por voz, precisamos contar muito com a nossa sintonia. Movimentos dessincronizados em horas erradas podem acarretar na perda do controle da bicicleta e causar um acidente. Então contamos muito com a confiança entre nós.

9- Como você se sente guiando uma para-atleta?

Priscila: Sendo uma pessoa apaixonada pelo ciclismo, é uma forma que encontrei de dar uma oportunidade a alguém que não conseguiria praticar essa modalidade sozinha. É bom para ela e para mim também.

Maria guiada

As atletas contam com a assessoria e treinamento da Educadora Física e especialista em Fisiologia Luciane Pontello Camargo, do Studio 3 – Pilates Equilíbrio e bem estar.

Fonte: ENTREVISTA COM MARIA PINHEIRO E PRISCILA SANTOS – A VIDA NO PARACICLISMO