Assistir às Paralimpíadas deveria ser uma experiência obrigatória para todos, afinal, cria empatia profunda.

 

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Acho que assistir às Paralimpíadas deveria ser uma experiência obrigatória para todos, afinal, cria empatia profunda. No meu caso, fui para sentir na pele como está a tal da inclusão. Nasci com hemiplegia, um tipo de paralisia cerebral que, no meu caso, limitou a mobilidade da parte direita do corpo. Bem, posso dizer que o Rio de Janeiro está mais lindo do que nunca com os Jogos! Porque, agora, está acessível para receber todos.

Quando entrei no Parque Olímpico me senti em uma Disney brasileira com esportes. Primeiro de tudo: me senti muito segura, muitas vezes encontrei o Exército andando pela rua e também dentro do aeroporto.

Só usei transporte público e não tive nenhum impedimento, ou seja, algum problema de acesso. Tanto eu como a minha acompanhante não precisamos pagar para usar o metrô na volta da abertura. Achei todas as pessoas bem treinadas para lidar com as pessoas com deficiência. Os cariocas são hospitaleiros, parecia até que eu estava sendo recebida na casa deles, por onde eu passava me ofereciam ajuda.

Todas as atrações, inclusive a abertura, tinham fila preferencial que funcionava muito bem. Os banheiros estavam conservados, limpos e impecáveis.

Mas posso dizer que nem tudo foi perfeito para todos. A minha única crítica relacionada à inclusão é que embora os aeroportos estejam muito bem equipados para receber pessoas com deficiência, os funcionários não tiveram o treinamento devido e não sabem usar toda aquela tecnologia. Mudar isso seria um baita legado para a inclusão de pessoas com deficiência – durante o ano todo.

Minhas duas outras críticas não estão relacionadas à inclusão. A comida vendida dentro do Parque Olímpico é muito ruim e cara. Além disso, nas bilheterias só havia uma pessoa que falava inglês, então tive que auxiliar alguns estrangeiros na compra dos ingressos.

Eu só espero que os Jogos Paralímpicos deixem o legado de acessibilidade não só para o Rio, mas para todo o Brasil. Que as pessoas comecem a enxergar não só a deficiência, mas também a incrível capacidade de superação das pessoas com deficiência.

Nathalia Blagevitch Fernandez é advogada, idealizadora do blog Caminho Acessível e professora tutora dos cursos de segunda fase do Exame de Ordem no Damásio Educacional. Sua história foi contada no livro “Tente Outra Vez”, do jornalista Rogério Godinho.

Fonte: 1 Papo Reto