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O menino Vrajamany Fernandes Rocha, que teve o braço direito amputado depois de ter sido atacado por um tigre no zoológico de Cascavel (PR), em 30 de julho, esteve em Sorocaba (SP) para fazer a primeira prova do braço artificialdoado pelo empresário Nelson Nolé, especializado em produtos ortopédicos. A prótese, que é estética e será personalizada com o desenho de um tigre, deverá ficar pronta em até 10 dias…

Vrajamany apareceu sorridente na clínica ortopédica para fazer a primeira prova da #prótese, que pesará em torno de 1,5 kg. Em entrevista ao G1, o menino contou que estava curioso para experimentar o braço mecânico e agora espera para ver o desenho do tigre. “Me disseram que vai cobrir o braço todo, estou ansioso para ver”, comenta. Ele esteve em Sorocaba pela segunda vez acompanhado da mãe, padrasto e o irmão.

O caso que teve repercussão nacional comoveu Nelson Nolé, que tem uma empresa especializada em próteses ortopédicas há quase 47 anos. De acordo com o protético, o valor do braço estético varia de R$ 15 mil a R$ 20 mil. O empresário é o mesmo que doou uma prótese para o ciclista David Santos de Souza, de 21 anos, que teve o braço direito #amputado depois de ser atropelado na Avenida Paulista, em março do ano passado. Nelson conta que 30% do que produz são doados. “Nós escolhemos pessoas que não têm condições de pagar pelas próteses”, completa.

A prótese sugerida para Vrajamany será feita de fibra de carbono com luvas de silicone. O cotovelo será mecânico, mas movido apenas como pêndulo, sem influência nos movimentos do menino. “Esta prótese é necessária para fazer obalanceamento do corpo, que ficou assimétrico após a amputação do braço. Ela tem como objetivo evitar problemas de coluna, não deixar que o ombro dele fique mais alto pela falta do braço e, por fim, ajudar no equilíbrio do corpo”, afirma Nolé. Segundo o protético que trabalha na empresa de Nolé há 20 anos e que testou a o braço artificial em Vrajamany, Francisco de Assis, serão necessários alguns ajustes no ombro e a diminuição no comprimento. No entanto, Nelson destaca que a primeira prova foi positiva. “Estávamos preocupados porque quando foi feito o molde ele estava com um edema e com muita sensibilidade, mas estamos felizes porque o menino achou a prótese confortável e ficou contente de saber que será personalizada”, afirmou o empresário.

Em entrevista ao G1, em setembro, o padrasto de Vrajamany, Luis Rigamonti, que acompanhou o garoto durante visita à clínica na cidade, contou que ele ficou encantado durante a passagem pela empresa de produtos ortopédicos e se interessou desde o início em fazer a “tatuagem” na prótese do animal que marcou a sua vida.

“Ele não sabia o que ia encontrar quando foi até a empresa. O Vrajamany ficou encantado pelos desenhos e muito interessado no conceito das próteses. No começo, ele comentou que queria desenhar uma caveira no braço mecânico. Mas, em casa, ele viu que queria mesmo era ‘tatuar’ um tigre para demonstrar o carinho que tem pelos animais”, afirmou.

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Sem dores

De acordo com a família, o garoto sofria com a chamada “dor fantasma“, uma espécie de efeito colateral psicológico decorrente da amputação do braço direito. Na segunda visista a Sorocaba, a mãe de Vrajamany, Mônica Fernandes Santos, conta que ele está melhor e que não sente mais incômodos.

“A gente brinca que o Vrajamany virou ‘menino do tempo’. Toda vez que começa a fazer frio ele sente um incômodo em um ponto da mão que ele perdeu, principalmente no local em foi a mordida do tigre. Mas não é como era antes e isso é uma vitória”, afirma a mãe.

O menino faz terapia ocupacional duas vezes por semana para melhorar o condicionamento físico, além de acompanhamentocom psicólogos. “O tratamento está indo bem e ele está progredindo a cada dia. Ele não tem mais dores na cicatriz e agora consegue andar melhor. É como se ele tivesse nascido de novo. Agora ele tem duas datas de aniversário. Além disso, criamos um site para que pessoas que tiveram membros implantados e deem dicas a ele”, comenta.

Vrajamany já voltou para a escola e passa o tempo livre mexendo no celular. Destro, ele ainda trabalha para recuperar a escrita. “Ainda não consigo escrever com o braço esquerdo e na escola uso um computador pra ficar mais fácil”, conta.

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Braço biônico

Em uma das primeiras entrevistas divulgadas na imprensa, o menino falou sobre o interesse em adquirir uma prótese humanoide, que só responde aos movimentos básicos e não tem sensibilidade. No entanto, conforme as observações de Nolé, Vrajamany sofreu uma amputação total do braço, o que não permite que uma prótese biônica seja possível. “O braço inteiro desarticulou. Se tivesse sobrado alguma parte, seria possível fazer uma prótese ativada pelo comando cerebral. Mas infelizmente, esse não é o caso. O braço mecânico tem fins apenas estéticos.”

Sobre a afirmação do empresário, Luís diz que Vrajamany está consciente sobre a prótese oferecida pelo empresário e de que, a princípio, o equipamento biônico não está disponível. “Nós conversamos muito e ele sabe que isso não será possível. A prótesehumanoide ainda está em testes e não serve por enquanto. Sabemos que ele vai se adaptar com a prótese estética”, diz.

Em um relacionamento com a mãe do menino há nove anos, Luis diz que sempre conviveu com Vrajamany e ressalta que ele é uma criança tímida e muito serena. “Ele é muito tranquilo e sereno, mas é um menino de quase 12 anos com seus medos e dúvidas. Ele não responde tudo na hora, mas é sempre espontâneo.”

Fonte: G1