Texto de autoria de Rafael Ferraz, jornalista, tetraplégico e autor da coluna Tetraplégicos Unidos – revista digital Comunica Tudo (www.marcelodamico.com)

Viajar de avião deveria, mas não é uma experiência 100% agradável para todas as pessoas. Mesmo que nem todos concordem por não terem passado por situações constrangedoras, estressantes, dolorosas ou de prejuízo financeiro a maioria dos cadeirantes que conheço enfrentaram e enfrentam, corriqueiramente, diversas dificuldades na hora de viajar de avião. Aqui abro um parenteses para enfatizar o fato de que nem todo cadeirante é apenas paraplégico – há tetraplégicos, pessoas com paralisia cerebral mais severa, cadeirantes que usam traqueostomia, tubo de oxigênio, cadeirantes obesos, cadeirantes debilitados, com dores e uma série de realidades distintas que dificultam questões de mobilidade e requerem cuidados. E a hora de entrar no avião é a primeira barreira. Em muitos aeroportos há uma enorme escada para acessar a aeronave, e o cadeirante precisa ser carregado quando não existe o Ambulift – veículo adaptado com plataforma elevatória para efetuar o embarque e desembarque dos passageiros em cadeiras de rodas ou no auxílio de atendimentos médicos.

Ambulift

E na entrada do avião está o segundo problema: cadeirantes que não conseguem se transferir sozinhos de sua cadeira para a poltrona do avião – como eu, tetraplégico, e outras incontáveis pessoas com deficiência, e que precisam ser carregados por funcionários sem o treinamento adequado. Em seguida, outra questão é o fato das cadeiras de rodas não terem espaço para transitar entre as poltronas. Além disso, as cadeiras que são um equipamento de uso pessoal e, muitas vezes com adaptações e detalhes frágeis, são transportadas com as malas, nos bagageiros, onde sabemos que não são armazenadas com o devido cuidado e muitas vezes são danificadas.

Atleta paralímpico de tênis, o mineiro Daniel Rodrigues teve sua cadeira de rodas quebrada durante voo internacional, ao voltar de competição na Europa. O equipamento é feito sob medida.

Este que lhes escreve passou por essas experiências citadas. Eu ainda fiquei mais de uma hora, depois de esperar que todos passageiros desembarcassem, esperando que minha cadeira fosse encontrada no bagageiro. E como fiz uma viagem rápida, um voo nacional, não precisei usar o banheiro – o que seria impossível. Em 23/08/2017, no artigo “Tensão no avião” publicado no Comunica Tudo, falo justamente sobre essas questões de acessibilidade nas aeronaves e outros problemas burocráticos. Desde então, estudando o caso e buscando informações, entrei em contato com empresas, organizações e pessoas que lutam pela justa acessibilidade em aviões, no Brasil no exterior, durante meses, até conseguir concluir este extenso e delicado artigo.

Quando chegou na Austrália, Jéssica Messali viu que sua cadeira de rodas – feita sob medida, importada e que custa R$ 35 mil, estava danificada. Ao retornar ao Brasil, no aeroporto de Guarulhos, a paratleta notou que o carbono da parte traseira da handbike estava destruída. Segundo laudo, a handbike de R$ 50 mil teve algo de uma tonelada colocado em cima do para-choque traseiro. Fonte: GoOutside.com.br

Sabe-se que aeroportos respeitam normas e leis de acessibilidade com piso podotátil e avisos sonoros para deficientes visuais, assim como para deficientes auditivos e intelectuais ou físicos, com avisos luminosos, portas largas, pisos planos, elevadores, rampas com inclinação e ângulo ideais – como exige a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – além de atendimento prioritário para pessoas com mobilidade reduzida e, em especial, aos cadeirantes. Mas além dos aeroportos estarem longe do ideal de oferecer uma experiência igual a todos, acessível a todos, prazerosa e digna para qualquer ser humano, independente de condição física e da mobilidade, para os cadeirantes é justamente dentro dos aviões que estão os problemas: não é possível se locomover com a própria cadeira de rodas; alguns não conseguem se transferir e precisam ser carregados; é impossível utilizar o banheiro; as cadeiras de rodas se misturam às bagagens e muitas vezes – quando não são extraviadas, são danificadas e demoram a chegar, entre outros diversos empecilhos frustrantes.

Depois de algumas experiências, uma série de pesquisas, e de ler no portal especializado em aviação www.aeroflap.com.br a reportagem “Empresas Começam Movimentação Para Implementar Assento Especial Para Deficientes Físicos”, em resumo traduzido do site AviationWeek.com, da matéria em inglês “Industry Urges Improved Disabled Access To Aircraft Cabins”, entrei em contato com empresas como a inglesa PriestmanGoode, e a americana All Wheels Up – esta última há anos dedicada em buscar garantias de acessibilidade dentro das aeronaves. E sabendo que uma série de leis, normas de segurança e regulamentações, no Brasil e em outros países, seja no transporte ferroviário, rodoviário e aéreo, não só dificultam como impedem a viagem de cadeirantes em suas próprias cadeiras, fui atrás de soluções para esses casos.

Durante pesquisas encontrei a publicação de junho deste ano “Embarcar Deficientes Físicos Em Uma Aeronave Sempre Foi Uma Situação Um Pouco Complicada, Mas Que Em Breve Ganhará Uma Facilidade Devido Aos Novos Tipos De Assentos”, revelando, contudo, as preocupações como os cuidados e garantias de segurança das empresas aéreas com os clientes. Tema deste artigo e da minha entrevista com as empresas acima citadas, quando descobri por intermédio da americana All Wheels Up, que o Brasil também está nesta empreitada com projeto financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), por meio da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Constrangimento e perigo durante embarque sem Ambulift ou outro equipamento de acessibilidade. Fonte: Acessibilidade na Prática

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Através de Victor Macul, pesquisador de Design de Engenharia do projeto citado acima, tive acesso ao seguinte artigo: “Um Novo Conceito Para a Cadeira de Bordo”, apresentado na edição 2018 do Congresso Brasileiro de Tecnologia Assistiva, em Bauru (SP), que resume:

“Apesar das recentes melhorias no projeto de cadeiras de bordo, as soluções existentes ainda não permitem que passageiros com deficiência física ou mobilidade reduzida se movimentem de forma independente durante o processo de embarque e desembarque das aeronaves, exigindo o apoio de funcionários das companhias aéreas em vários movimentos. O objetivo deste relato técnico é apresentar o conceito de uma cadeira de bordo motorizada que proporcione maior autonomia aos usuários, contribuindo para uma melhor experiência de voo. O conceito proposto foi desenvolvido com base na abordagem de design thinking aliada à aplicação de métodos de engineering design”.

Em entrevista para a revista digital Comunica Tudo, o engenheiro Victor Macul esclarece que, “no conceito proposto, a cadeira de bordo se torna a própria poltrona do avião, eliminando assim, a necessidade de uma transferência (da cadeira de bordo para a poltrona). Atualmente estamos trabalhando no desenvolvimento de um protótipo funcional, e esperamos ter esse protótipo pronto até o final desse ano. No entanto, é importante que fique claro que o que estamos fazendo ainda está em um nível de pesquisa e precisa de bastante desenvolvimento para se tornar um produto viável, capaz de ser lançado no mercado. Esse trabalho ainda pode chegar a durar alguns anos, se levarmos em conta todos os testes que precisam ser realizados para homologação do produto, e necessitaria que algum fabricante de avião ou companhia aérea se interessasse pelo projeto”.

Sabendo, portanto, que indústrias do setor e organizações internacionais, a exemplo do Reino Unido, como afirma a matéria traduzida do site Aviation Week, entrei em contato com o brasileiro Ricardo Shimosakai – especialista em Acessibilidade e Inclusão no Lazer e Turismo, do excelente site Turismo Adaptado. Questionado sobre a segurança para pessoas com tetraplegia ou paralisia cerebral, por exemplo, Shimosakai é taxativo:

“Isso não é perigoso apenas para tetraplégicos, mas para qualquer pessoa. Aliás, você também coloca em risco outras pessoas, pois essa cadeira é móvel, e depois presa de um jeito muito simples, diferente das poltronas que são presas por parafusos muito fortes e outras questões de segurança. Então essa cadeira poderia se soltar com certa facilidade, dependendo de turbulências ou forças centrífugas. Claro que é possível algo nesse caminho, mas é preciso ver essas questões de segurança, e que não são descritas na reportagem.”

Fixação da cadeira de rodas no chão

No entanto, o projeto encabeçado pelo brasileiro Prof. Dr. Eduardo Zancul e equipe traz a seguinte explicação, resumida:

– OBJETIVO

Proporcionar uma maior autonomia na movimentação de passageiros com deficiência física ou mobilidade reduzida, por meio do desenvolvimento de uma cadeira de rodas motorizada para utilização no interior de aeronaves e nos processos de embarque e desembarque em aeroportos.

– DESENVOLVIMENTO

Metodologia de Design Thinking: criação de empatia, definição do problema, ideação, prototipagem e teste. Coleta de dados de relatos de sete entrevistas realizadas com usuários, duas com especialistas da indústria aeronáutica e quarto com comissários, mais duas entrevistas feitas pela equipe. Levantamento de restrições, objetivos do sistema e funções. Modelagem funcional, Benchmarking e Matriz Morfológica.

– RESULTADOS

Conceito proposto: cadeira motorizada que se torna o assento do avião ao ser ancorada sobre uma base, que por sua vez está fixa ao chão da cabine através dos trilhos utilizados para fixação das poltronas. A manobra é automatizada com o auxílio de sensores (parking assistant) e mecanismo giratório.

Protótipos e testes indicaram pontos de melhoria: proporcionar mais segurança para os pés do usuário, contra choques em obstáculos; proporcionar mais espaço para os pés do passageiro da poltrona de trás; permitir a passagem dos pés durante o movimento giratório da cadeira na parte inferior da poltrona lateral. Facilitar a transferência, por exemplo, por meio de um apoio de braço removível. Manter o usuário estável na cadeira, no caso dele não possuir controle do tronco, por exemplo, por meio de um cinto de segurança.

– CONCLUSÕES

Ainda que o protótipo desenvolvido esteja distante da solução final no que diz respeito a funcionalidade, seu teste permitiu validações importantes da manobra necessária para posicionar a poltrona no local destinado ao assento do passageiro. Além dessa validação técnica, o teste também permitiu levantar insights sobre a experiência do usuário no que diz respeito ao conforto e segurança durante o embarque e desembarque.

(MACUL, Victor; ANTONACIO, Pedro; CRUZ, L.; SILVA, Denilton; SUPRAS, Yuri; ZANCUL, E. “Um novo conceito para a cadeira de bordo”. In: Congresso Brasileiro de Tecnologia Assistiva, 2018. Bauru, SP. 2018.)

Confira o artigo completo em PDF, aqui.

Formada por equipe de voluntários e membros conselheiros, a All Wheels Up dedicou os últimos 7 anos a pesquisar, conscientizar e levantar fundos para um *Spot de Wheelchiar em aviões. (“Spot de wheelchair” é um ponto, um espaço, um local reservado para cadeiras de rodas, assim como existe em alguns trens e ônibus).

Acompanhe a tradução do texto apresentado por Michele Erwin, Presidente e Fundadora da All Wheels Up, durante nossa primeira conversa, em junho:

“Nosso trabalho provou que um ‘spot de wheelchiar’ é viável. Esta é a posição da All Wheels, de que as pessoas que têm uma deficiência física mais severa, como tetraplegia, paralisia cerebral ou outra doença muscular, estariam mais seguras em suas próprias cadeiras. Um lugar para cadeiras de rodas seria uma opção, alguns usuários de cadeira de rodas ainda prefeririam se transferir. Além disso, isso não seria para todas as marcas de cadeiras. Nossa outra pesquisa mostrará economia de custos para as companhias aéreas”.

“Atualmente não há produto em produção, pois ainda precisamos de financiamento para mais pesquisas e desenvolvimento. Quanto mais financiamento para nossa pesquisa, mais perto estaremos de tornar possível o uso de cadeira de rodas. Estamos trabalhando globalmente e acabamos de assinar uma gerência no Canadá, e esperamos fazer o mesmo na América do Sul.”

Victor Macul (Engenheiro – USP) e Michele Erwin (All Wheels Up)

Segundo Michele Erwin, a All Wheels Up está trabalhando com as companhias aéreas e os fabricantes de aviões que estão interessados em melhorar a acessibilidade nas viagens aéreas. “Nosso trabalho é provar que é seguro, viável e econômico. Não esperamos que as companhias aéreas financiem pesquisas e desenvolvimento em assentos regulares de aviões. Então não esperamos que eles financiem a pesquisa para um mecanismo que bloqueie uma cadeira na aeronave. Mas se estiver no catálogo de itens disponíveis para as companhias aéreas ao construir um avião, cabe a eles adicioná-lo. Acreditamos no trabalho que estamos realizando, que, mesmo como organização sem fins lucrativos, estamos financiando pesquisas e desenvolvimento para o futuro das viagens aéreas acessíveis. É isso que estamos fazendo – queremos tornar o dispositivo disponível no catálogo”, explica Michele que, atualizando nossa conversa em junho anunciou:

“O Ato de Reautorização (uma lei para financiar pesquisas nos EUA) da FAA – Federal Aviation Administration (uma divisão federal do governo americano) foi aprovado pelo presidente Donald Trump. Ele inclui uma disposição para financiar o estudo dos sistemas de segurança para cadeiras de rodas para uso dentro da aeronave.”

Recentemente a All Wheels Up publicou nas redes sociais, como mencionado acima, finalmente mais um passo rumo à vitória:

“All Wheels Up está tão orgulhosa de ver o projeto de lei da FAA assinado em lei. Depois de anos de advocacia, a nossa alteração que exige um estudo sobre sistemas de segurança para cadeiras de rodas é finalmente lei! Estamos ansiosos para trabalhar nisso e mostrar que as cadeiras de rodas podem cumprir todos os regulamentos de segurança da Air Travel. Ela também contém uma Carta de Direitos do Passageiro com Incapacidades, que define as dimensões mínimas do assento e muito mais. ‘Isso mostra que você pode fazer as coisas quando os legisladores põem de lado quaisquer diferenças partidárias’.”.

Assista ao vídeo, em inglês – mas que deixa claro como pode ser difícil experiência para alguns cadeirantes viajarem de avião, e conheça um pouco mais desse trabalho em reportagem publicada no BBC News, clicando aqui. Assista também ao vídeo da All Wheels Up, que atualmente é a única organização no mundo fazendo testes de colisão em cadeiras de rodas para voos comerciais, publicado no Facebook. E confira mais informações no site.

Além do Brasil e Estados Unidos, o Reino Unido também se movimenta nesse sentido. E outro conceito de acessibilidade é apresentado pelos britânicos da PriestmanGoode, para o futuro das aeronaves. No design apresentado em fotos e vídeos, os assentos localizados na fileira do corredor de uma aeronave seriam adaptados para receber uma configuração “hibrida, com a separação de suas partes”. Confira aqui.

Modelo de configuração híbrida da PriestmanGoode

Mas nenhuma das soluções está disponível ainda. Como mostra a Associação Internacional de Transporte Aéreo ou International Air Transport Association (IATA): “Os assentos de aeronaves são construídos para atender às rigorosas normas de segurança que incluem a capacidade de sobrevivência em várias vezes a força da gravidade. Portanto, atualmente, esses assentos certificados para aeronaves são o único assento permitido para todos os passageiros”.

A mesma certificação não é imposta a outros meios de transporte. É por isso que trens ou ônibus, por exemplo, podem acomodar uma gama maior de opções. No entanto, como aponta a PriestmanGoode, alguns observadores da indústria acreditam que, se a indústria da aviação não conceber uma maneira de melhorar o acesso de deficientes, os reguladores poderiam intervir e forçar a questão. “A menos que a indústria trabalhe em conjunto, isso será imposto a eles”, diz Paul Priestman, presidente da consultoria de design PriestmanGoode, com sede no Reino Unido.

Exemplo de como funciona o espaço para cadeiras de rodas em ônibus e trens com acessibilidade

Priestman tem chamado as partes interessadas de toda a indústria da aviação para trabalhar em conjunto a fim de implementar uma solução que visa tornar as viagens aéreas uma experiência menos estressante e traumática para os passageiros com deficiência. Enquanto a Airbus, a Embraer e a Lufthansa estavam “interessadas” no conceito quando foi lançado, Priestman diz que “não houve impulso” quando se tratou dos fabricantes de assentos e da questão do desenvolvimento do financiamento. “Há três partes, mas elas não estão conversando entre si”, diz ele. “Chegamos a um impasse sem que ninguém queira assumir a liderança, e isso tem a ver com fabricantes concorrentes que não querem trabalhar juntos”.

No entanto, há sinais de que as coisas estão mudando ao redor do mundo. Como indica o seguinte trecho retirado de outro texto sobre o tema, na plataforma Flying Disabled, que levanta fundos para essas pesquisas e reúne empresas, instituições e governos de diferentes países:

David Wood, fundador da Flying Disabled, realizou o Simpósio Wheelchair in the Cabin Symposium em setembro passado, organizado pela Virgin Atlantic Airways. Os participantes incluíram representantes da Airbus, Air Canada, IATA e do governo do Reino Unido. O objetivo do evento foi discutir a possibilidade de criar um espaço para cadeiras de rodas em aeronaves comerciais. Após o evento, Wood diz que foi convidado para discutir a questão com o governo do Reino Unido, a IATA e a Agência Europeia de Segurança Aérea. No entanto, por hora, nada saiu do papel.

Foto: Divulgação

Concluindo, de qualquer maneira, devido à complexidade, concorrência, normas de segurança de diversos órgãos envolvidos de vários países, além da necessidade de uma contra partida indispensável das companhias aéreas com a efetiva participação de fabricantes e grandes empresas do setor, uma solução definitiva parece estar ainda longe de ser realidade. Times e equipes de esportes adaptados, por exemplo – como nas paralimpíadas e jogos internacionais com grandes grupos de pessoas usando cadeiras de rodas manuais e motorizadas, além de outras pessoas com mobilidade reduzida que diariamente viajam de avião no mundo inteiro, não verão, ao menos tão cedo, uma forma acessível, igualitária e digna de viajar de avião sem depender de funcionários as carregando e auxiliando no embarque e transferências, com dificuldades de se locomover dentro das aeronaves, impossibilitadas de usar o banheiro, tendo suas cadeiras danificadas e misturadas às bagagens, sendo os primeiros a embarcar e últimos a desembarcar, enfim, sofrendo com a falta de acessibilidade, com a falta de funcionários treinados, com a falta de um desenho universal nas adaptações e todas as dificuldades que somente nós, cadeirantes, tetraplégicos, e pessoas com todo tipo de deficiência sofremos no dia a dia nas viagens aéreas.

Um dia após o encerramento dos Jogos Paralímpicos Rio-2016, o Aeroporto Internacional do Galeão, no RJ, registrou o maior volume de passageiros cadeirantes da história da operação aeroportuária do país, com 830 viajantes – um número 13 vezes maior que a média de um dia comum no terminal. Fonte: www.lance.com.br

Por esses e outros motivos devemos participar, incentivar e ajudar essas pesquisas, além de cobrar, tanto das companhias áreas quanto dos políticos que elegemos a garantia da acessibilidade e do desenho universal, como explica, no Brasil, a LBI – Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146\2015).

A cadeirante Katya Hemelrijk, que teve que se arrastar para conseguir embarcar em um voo no Aeroporto de Foz de Iguaçu, disse que não é a primeira vez que precisa subir em uma aeronave desta forma. Fonte: Turismo Adaptado

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