A vida de Daniela mudou drasticamente em decorrência de um disparo feito por um ex namorado. No dia do acontecido ela estava na casa dele, e de imediato perdeu todos os movimentos das pernas. No início foi muito difícil para ela e para seus familiares, pois não sabiam como é viver sobre rodas.  

No início sentia vergonha da cadeira, mas aos poucos foi entendendo que ela seria suas pernas, decidiu seguir em frente, se adaptando e percebeu que não há limites para as pessoas que vivem nessas circunstâncias. 

Querem saber mais como aconteceu o acidente? Como foi o processo de reabilitação? Como ela lidou com a vaidade durante esse  processo? Curiosos para saberem mais sobre essas questões? Vejam a entrevista abaixo com a Daniela 

1- Quem é Daniela Bezerra?  

Daniela é uma garota de 25 anos, formada em Biologia e pós-graduada em biologia geral. Bastante sonhadora, resiliente e feliz. Reside no interior do Pernambuco na cidade de Custódia. Atleta da modalidade atletismo, das provas de arremesso de peso, lançamento de dardo e disco. Nas horas vagas dá uma de modelo fotográfica. 

2-Fale-nos sobre a sua deficiência.E como você, seus pais, familiares e amigos entenderam, essa condição humana? 

Lesão medular adquirida em decorrência de um disparo feito por um ex namorado no dia 20 de Fevereiro de 2012. No dia do acontecido estava de costas na casa dele, de imediato perdi todos o movimentos das pernas. 

Daí em diante foi uma batalha, pois estava vivenciando um mundo completamente novo e desconhecido. No início foi muito difícil para mim e para meus familiares, não imaginávamos como seria a vida sobre rodas. Mas em estar viva era um grande milagre. E os amigos, todos eles se afastaram, mas não dei importância nenhuma a isso. Fiz novas amizades, conheci pessoas incríveis. Minha família foi essencial para minha recuperação e aceitação. No começo sentia muita vergonha da cadeira, não queria de forma alguma sentar nela. Aos poucos fui entendendo que ela seria minhas pernas, me levaria aonde quisesse. Mudei o modo de ver a vida quando me internei no hospital Sarah de Fortaleza (Ceará), era totalmente dependente da minha mãe, lá aprendi a fazer tudo sozinha. Foi maravilhoso! Libertador! Achava que seria impossível realizar atividades antes feitas e lá aprendi que podia fazer sim, bastava apenas adaptação e força de vontade. Sou grata demais aos profissionais desse hospital. Voltei para casa uma nova pessoa.

  3- Como foi sua infância e adolescência? 

Minha infância foi bem tranquila, era uma criança quieta, mas sempre vaidosa, pegava e colocava os batons vermelhos da minha mãe para ir à escola. ? 

A adolescência também tranquila, gostava de sair, de ir para festas. Apesar de ser festeira nunca gostei de bebidas. Gostava de dançar. ?  
 

4- Por que você escolheu se tornar bióloga? 

Sou apaixonada pela a vida e essa máquina que é o corpo humano, sempre me identifiquei. Me despertou a curiosidade de conhecer ainda mais.  

5-Você assim como a  farmacêutica bioquímica Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à Lei Maria da Penha, ficaram paraplégicas devido a um tiro disparado pelos homens que deveriam dar amor, proteção e respeito a vocês. Nesse sentido, você poderia nos falar como você o conheceu? Como era o comportamento dele? Você assim como Maria da Penha sofreu outros tipos de agressões? Ele já foi julgado e condenado? E o que você diria a uma mulher que sofre violência doméstica? 

Meu pai é dono de um quiosque, ele sempre frequentava. Nessas idas fomos nos conhecendo e começamos o namoro que durou quase um ano. Ele jamais aparentou ser uma pessoa agressiva, muito pelo contrário, era tranquilo. Nunca sofri agressões dele, não era violento. No dia do ocorrido ele atirou em mim e em seguida nele, faleceu no local.  

Até hoje não entendo o porquê de tudo isso, pois no dia não discutimos, porém, o namoro não andava muito bem. Pode ter sido ciúmes, mas não sei afirmar o real motivo. No dia estava de costas não vi se foi por querer ou acidental, ele não me disse nada. Esse ponto de interrogação ficou até para mim. Em momento algum tive raiva dele, pelo contrário, peço a Deus que coloque ele em um bom lugar. Para vivermos bem e em paz não é bom carregar rancor, só nos deixa mal. Entreguei nas mãos de Deus, ele resolve tudo.  

Mulheres que sofrem agressão não se calem! Procurem ajuda! Não admita ser maltratada por uma pessoa que deveria lhe dá amor. Não tenha pena. Tenha amor próprio. Denuncie. Só assim iremos diminuir o índice da violência doméstica que a cada dia vem aumentando. A união faz a força. Juntas somos mais forte. 

6 – Como foi o processo de redescobrir motivos para sorrir, após o ocorrido? 

A força e o apoio da minha família, mostrando que a vida não tinha acabado. Sempre gostei de andar arrumada, comecei a vender roupas e a tirar fotos, melhorou bastante minha autoestima. Quando voltei a ficar independente tive vários motivos para sorrir. Hoje sou mais vaidosa do que antes da lesão. A cadeira de rodas me proporcionou vivenciar experiências incríveis. Sou bem resolvida e feliz com a deficiência. Me aceito e me amo do jeito que estou. Entendi que podemos ser interessantes e felizes apesar da condição física.  

Não precisamos nos encaixar nos padrões impostos pela sociedade. Somos todos belos.  

7-Quando e como o esporte entrou na sua vida? 

O esporte entrou na vida depois que fiz uma viagem para São Paulo. Fui conhecer o comitê paralímpico e prestigiar alguns amigos paratletas, e me apaixonei por aquele universo do esporte. Alguns amigos me incentivaram bastante, e aqui estou no início de uma longa jornada, mas é muito gratificante e prazeroso. Estou amando demais! 

😯 que o esporte representa para você? 

Saúde, independência, superação, desafio e aprendizado.  

9-Qual atividade que você ama fazer e há muito tempo não faz? E que atividade você exerce que te deixa feliz? 

Sou mais ativa hoje, então não tem essa atividade.  

O esporte.  

10- Liste 5 coisas que você mais gosta de fazer. 

Estar em família, viajar, fazer novas amizades, ir para festas e tirar fotos (amo demais). ? 
 

11- Quais os seus maiores dons?  E como você os usa no seu cotidiano? 

Sou paciente, calma, alegre e de bem com a vida.  

Meu lema de vida é nunca reclamar e sim agradecer. Sempre tento ver o lado positivo das coisas, só assim fica mais fácil de encara-las.  

 

12- Para você é fácil ou difícil pedir ajuda quando você chega em algum lugar sem acessibilidade? E por que? 

Fácil, não tenho problema nenhum em pedir ajuda.  

13-O que verdadeiramente te faz feliz? 

Estar perto das pessoas que amo!

14- Como e onde você se imagina daqui a 5 anos? 

Com todos os meus sonhos realizados e uma atleta de sucesso.  

15- Que mensagem você deixa para os leitores do blog? 

A vida é uma caixinha de surpresa e não sabemos o dia de amanhã, só a Deus pertence. Apesar de qualquer coisa que venha acontecer, nunca baixe a cabeça. Na hora não entendemos o porquê de certas coisas, depois Deus nos dará a resposta. Nada é por acaso, tudo tem um propósito, aprendizado e amadurecimento. Devemos olhar a vida com mais amor e compaixão ao próximo. 

Seja feliz independente da condição física!  

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