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Às vezes a gente nem precisa entrar numa casa pra perceber que ali mora um sonho. Quando eu era pequena eu via fotos de balões em livros e pensava: eu vou fazer isso um dia! Quando eu me mudei para o estado de Washington, eu disse: ‘agora é a hora’“, conta Denise Smith-Irwin “É uma sensação indescritível de liberdade. Você não está sob controle total, não sabe onde vai acabar pousando”, diz a professora.

Bem na época em que ela conseguiu tirar o certificado de balonista ela conheceu um cara. Ele já tinha dois filhos, ela, três. Para apresentar as famílias resolveram fazer uma viagem, a nova família toda junta. Mas nunca conseguiram chegar no destino. Denise foi a única dentro do carro que se machucou com o capotamento. Ela perdeu quase todos os movimentos do pescoço pra baixo. “A primeira coisa que eu pensei foi: ‘e agora? Como eu vou pilotar um balão?’”, conta Denise. Faz 11 anos.

Desde então, Denise nunca mais experimentou aquela liberdade com que tanto sonhava. Mas isso vai acabar hoje. Os preparativos começaram cedo, às 6 horas da manhã. Crystal e Denise são amigas há mais de 20 anos. E agora a capitã Crystal desenvolveu uma forma de levar Denise de volta às alturas.

Crystal Stout, balonista: Muita gente que nem podia subir no cesto do balão me perguntava: ‘eu posso voar?’ Eu ficava pensando como eu poderia tornar isso possível. E esse foi o resultado.
Denise Smith-Irwin, professora: E eu tô emocionada por poder voar de novo.

E um balão levando Denise volta a sobrevoar os céus de Washington. Nesses últimos 11 anos, muita coisa mudou. Naquela época ela não podia ver os pés de lavanda lá embaixo.

Os filhos de Denise todos cresceram e saíram de casa. E aquele cara com quem ela estava no acidente virou marido. Uma Denise no céu nos faz lembrar da fragilidade da vida. Tudo pode mudar amanhã. Estamos todos aos pés do vulcão: os bichos mais ferozes, as culturas mais antigas, o mundo subaquático, as maiores construções dos homens, cinco mil anos de história. É tudo muito frágil. Tudo fica muito pequeno quando nos lembramos disso.

Pra Denise, a vida é como voar de balão. Vai ao sabor do vento. Com aquelas doses certas de rebeldia e esforço. Mas ninguém sabe onde vai parar. E o pouso quase nunca é tranquilo. Mas sempre tem suas recompensas. O segredo é se permitir ser leve.

Source: Globo Repórter – Cadeirante volta a voar em balão adaptado desenvolvido por amiga