Ações de acessibilidade instaladas na Cidade do Rock permitiram o acesso de cadeirantes como o estudante João, que tem uma síndrome cerebelar e utiliza cadeira de rodas.
 
Por Lígia Modena, G1 Rio
 
      João curte todas as áreas do Rock in Rio (Foto: Lígia Modena / G1)
     João curte todas as áreas do Rock in Rio (Foto: Lígia Modena / G1)
 
A primeira vez no Rock in Rio, ninguém esquece. E para o estudante João Lacerda Cimbleris, de 17 anos, será ainda mais inesquecível. Portador de uma síndrome cerebelar e cadeirante, o estudante conseguiu estar presente neste domingo, se aproveitando de adaptações de acessibilidade que foram instaladas na Cidade do Rock nesta edição.
 
“Até pouco tempo eu não sabia se ia conseguir vir. Mas depois que fiquei sabendo que o acesso estava bom para cadeirantes, não pensei duas vezes”, conta a mãe do estudante, Patrícia Lacerda, de 55 anos.
 
Nesta edição, a Cidade do Rock recebeu algumas adaptações para se tornar mais acessível. As ideias surgiram com a ajuda do cadeirante Thiago Gonçalves, que passou por dificuldades na edição de 2015 do festival, enviou um e-mail para a organização do evento e recebeu uma proposta de trabalho para ajudar a tornar a edição de 2017 mais acessível.
 
Fã de Justin Timberlake, João ficou muito animado com sua primeira vez no evento. “Eu estou muito feliz de estar aqui”, conta ele.
 
A relação do estudante com a música vem desde cedo. Patrícia conta que uma vez João estava com febre e ela só diminuiu depois que o pai do estudante colocou Jimi Hendrix para tocar.
 
“Ele gosta muito de vários estilos musicais e assiste aos shows do Rock in Rio na TV todos os dias”, diz a gerente de projetos sociais. Ela não esconde a felicidade de poder trazer o filho para o evento: “Há alguns anos isso seria impossível. Vejo um avanço grande no Brasil em relação a acessibilidade. Foi fácil chegar aqui desde que peguei o metrô até o BRT.”
 
Para Vinícius Farah, presidente do Detran-RJ, a parceria com o evento foi fundamental para essa integração.
 
“Nós temos uma van que pega os cadeirantes na estação do BRT e traz eles até o evento, sem contar os carrinhos de golfe que ajudam na locomoção pela cidade do rock, além das rampas onde os cadeirantes ficam e de 10 banheiros adaptados”, conta.
 
Além disso, no estande no Detran, cadeirantes que tiverem interesse em tirar habilitação gratuitamente, podem ir até lá e se inscrever. “Meu objetivo é ter o Rock in Rio deste ano como um modelo de acessibilidade”, finaliza.
 
Deficiente ajudou nas adaptações
 
Após ter problemas para se locomover no evento, o deficiente físico Thiago Gonçalves resolveu enviar um e-mail com algumas sugestões de acessibilidade para a organização. Como resposta, ele foi chamado para uma reunião e convidado para trabalhar no Rock in Rio e fazer parte do time que ia ajudar a construir uma Cidade do Rock acessível a todos.
 
Thiago era atleta e, após um acidente de carro, ficou tetraplégico. Ele lembra das dificuldades que teve durante o festival. “O acesso estava mais complicado, o terreno não era tão plano e foi difícil para a cadeira de rodas”, disse. Nesta edição, ele tem crachá do Rock in Rio e vai trabalhar como coordenador de acessibilidade.
 
Uma das ideias que ele teve foi a utilização de carrinhos elétricos adaptados para cadeira de rodas. “É só puxar uma alavanca. Ele puxa a alavanca e já desce a rampa. É bem pratico, fácil de manusear e rápido. É só fechar e ir embora”, explicou Thiago. Os carrinhos vão transportar cadeirantes do estacionamento até pontos estratégicos dentro da cidade.
 
João pela primeira vez no Rock in Rio com os pais (Foto: Lígia Modena / G1)
João pela primeira vez no Rock in Rio com os pais (Foto: Lígia Modena / G1)
 
Fonte: g1.globo.com