Morador do Porto Rico, em Santa Maria, Silvestre dos Santos Sousa teve a casa adaptada com recursos do eixo Na Medida. Desde 2015, já foram atendidas 105 famílias

GABRIELA MOLL, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
 

Autonomia para circular em casa, se vestir e tomar banho sozinho são atividades que voltaram a fazer parte da rotina de Silvestre dos Santos Sousa, de 27 anos.

Morador do Porto Rico, em Santa Maria, Silvestre dos Santos Sousa teve a casa adaptada com recursos do eixo Na Medida
Morador do Porto Rico, em Santa Maria, Silvestre dos Santos Sousa teve a casa adaptada com recursos do eixo Na Medida, do Habita Brasília. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Cadeirante desde 2008, ele contava com a ajuda dos pais para entrar no banheiro ou para tomar sol no terreno da casa na Quadra 19 do Setor Habitacional Ribeirão, mais conhecido como Porto Rico, em Santa Maria.

Desde abril, Silvestre pode usufruir de uma suíte feita sob medida para ele. “Fiquei mais independente e posso fazer minhas coisas com mais tranquilidade”, destaca.

Erguido do zero, o banheiro adaptado tem área total de 4,8 metros quadrados, com uma porta de 90 centímetros de largura, sanitário, lavatório, chuveiro e três barras de apoio.

O projeto foi idealizado pela equipe de arquitetura do posto de assistência técnica do Porto Rico da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), por meio do Na Medida, um dos cinco eixos do Habita Brasília.

Ainda parte da adaptação, a entrada do dormitório foi ampliada para facilitar a passagem da cadeira. Além disso, uma rampa construída permite que Silvestre chegue até um local no terreno onde pode tomar banho de sol, uma das orientações médicas que deve seguir.

Quem também aprovou a mudança foi a mãe dele, Cláudia de Fátima dos Santos Sousa, de 53 anos. “Antes, a cadeira passava arranhando as paredes e às vezes eu ficava com dor nas costas de ter que carregá-lo”, confessa. Depois da obra, as coisas ficaram mais simples. “Nem acreditei quando vi. Está excelente”, avalia a dona de casa.

Famílias que ganham até três salários mínimos podem participar do programa

O projeto de reforma ou de adequação habitacional por arquitetos e urbanistas atende famílias com renda de até três salários mínimos — R$ 2.811 — e que morem em locais passíveis de regularização. O benefício integra o subprograma Melhorias Habitacionais com Assistência Técnica, do Na Medida.

Silvestre conheceu o programa da Codhab em uma ida à padaria com o filho de 6 anos. “A assistente social me deu um panfleto sobre o assunto, e eu decidi tentar.” Como ele tem prioridade por ser um projeto voltado para acessibilidade, a reforma foi logo validada, e começaram as obras. Em pouco menos de um mês — de 27 de março a 25 de abril —, estavam finalizadas.

Durante o processo, ele mostrou um projeto desenhado por ele mesmo para a casa, feito no computador. “O meu tem até piscina”, brinca. Além do talento para arquitetura, o jovem tem fascínio por arte, eletrônica e medicina. “Quero voltar a estudar e seguir meus sonhos”, planeja.

Na mesma região de Silvestre, já foram concluídas 9 obras e 12 passam por processo de contratação. O caso dele é o primeiro de adequação de acessibilidade para cadeirante. A meta da Codhab é promover melhorias diversas em 50 unidades habitacionais do Porto Rico em 2017.

Recursos para projetos do Na Medida tiveram incremento de R$ 3,5 mil

Para atender melhor a população, os recursos destinados aos projetos do Na Medida tiveram incremento de R$ 3,5 mil. O aumento do orçamento para R$ 13,5 mil foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal por meio da Resolução nº 100.000.197/2017, de 29 de junho.

“Como em muitos casos a verba não é suficiente para fazermos todas as adequações necessárias, focamos naquelas que são mais importantes para melhorar a qualidade de vida daquela população”, explica a arquiteta do posto da Codhab no Porto Rico, Mariana Bomtempo.

“Como em muitos casos a verba não é suficiente para fazermos todas as adequações necessárias, focamos naquelas que são mais importantes para melhorar a qualidade de vida daquela população”Mariana Bomtempo, arquiteta do posto da Codhab no Porto Rico

Pintura e outras finalizações, por exemplo, ficam em segundo plano. “Ao iniciarmos a reforma com o que é mais essencial, muitas vezes estimulamos as famílias a complementá-las com o acabamento”, conta.

A Codhab trabalha com o serviço de assistência técnica gratuita desde abril de 2015. Hoje, existem no DF 11 postos de atendimento distribuídos (além da citada na lista, o Sol Nascente tem uma unidade no Trecho 2) em áreas de regularização de interesse social.

O auxílio técnico é colocado em prática depois de a Codhab escolher e credenciar as empresas responsáveis pelas reformas nas residências, o que ocorre por meio de licitação.

De acordo com a companhia, desde o início do programa, lançado em junho de 2015, foram desenvolvidos projetos para 105 famílias no eixo Na Medida. Desses, cerca de 30 voltados para acessibilidade.

O contrato vigente contempla 500 unidades habitacionais. Segundo a empresa pública, há previsão de abertura de dois editais que serão executados em 2017 e ao longo do próximo ano para novos processos.

Enquanto aguardam o lançamento dos editais, os interessados podem ir a um dos postos e deixar nome e contato. A estimativa da Codhab é que, até o final de 2018, 1,5 mil famílias sejam beneficiadas com melhorias habitacionais.

 

Fonte: Habita Brasília prioriza projetos de acessibilidade para população de baixa renda – Agência Brasília