O atleta Akinfas Sant’ana tem mesmo sede de adrenalina. Ele já jogou basquete sobre rodas, já dançou tango, praticou paraciclismo, crossfit, atletismo, e hoje se dedica ao halterofilismo e à calistenia, sendo o primeiro cadeirante brasileiro a praticar o esporte.
 
 
Essa modalidade de nome um pouco incomum é mais familiar do que se imagina. Quem participou das aulas de educação física durante o período escolar com toda certeza já praticou a Calistenia, que nada mais é do que a execução de exercícios físicos usando o peso do próprio corpo. São as flexões, barras, agachamentos, abdominais, entre outros exercícios. E se engana quem acha que Calistenia é sinônimo de exercícios fáceis, pelo contrário, a prática exige grande esforço muscular.
                                               
 
Akinfas Sant’ana dos Santos, tem 21 anos e nasceu com uma má formação na coluna, o que levou à perda dos movimentos dos membros inferiores (pernas). Desde criança, Akinfas não deixou que nenhuma dificuldade vinda da deficiência o derrotasse. “Eu não sinto que sou deficiente, pois sou muito independente. A vida nos ensina a ultrapassar por cima dos obstáculos com o sorriso no rosto”, diz.
 
Em 2014 ele conheceu a Calistenia por meio de alguns amigos e iniciou a prática da atividade. De acordo com o atleta, o esporte trouxe melhoras na respiração, batimentos cardíacos, e assim, na qualidade de vida.
 
No Brasil, Akinfas é o primeiro cadeirante a se aventurar no esporte, e por isso ainda não pode participar de competições. Ele diz conhecer mais um representante da Calistenia para cadeirantes nos Estados Unidos e outro no México.”Ser o primeiro é uma conquista para a classe das pessoas com deficiência no país. O esporte mudou muito a minha vida, tirou minha timidez, melhorou minha qualidade de vida. Hoje meu objetivo é ser reconhecido nacionalmente e internacionalmente”.
 
A rotina de treino do atleta é composta por acrobacias e repetições. Hoje ele pratica o esporte todas as manhãs, enquanto também se dedica ao halterofilismo. Akinfas participa de um grupo de Calistenia, o ‘Barrudos’.
 
Sobre a abertura do esporte aos deficientes, ele relata que tem melhorado, mas algumas iniciativas ainda precisam ser tomadas. “Hoje em dia os deficientes físicos estão tendo mais oportunidades no mundo esportivo, o que precisa melhorar é o governo dar mais apoio para esses atletas”, diz.
 
Para o educador físico Artur Hashimoto Inoue, especializado no trabalho com cadeirantes, a atividade física voltada aos deficientes físicos pode equilibrar alguns estímulos que visam melhorar a força, resistência e flexibilidade. “Isso proporcionará mais autonomia no dia a dia do cadeirante, que passará a realizar suas tarefas com mais segurança e eficiência além dos benefícios relacionados ao controle da pressão arterial, colesterol entre outros que podem causar possíveis comprometimentos para sua saúde. Mas é importante reforçar que o treinamento só é aplicado quando o cadeirante recebe alta do tratamento realizado pelo fisioterapeuta”, alerta.