Primeira edição de roteiro na cidade terá visita a destinos rurais e intercâmbio com cegos do Instituto Luiz Braille

Por volta das 8h30, o grupo com 10 pessoas cegas, de baixa visão e acompanhantes chega ao Viveiro Terra Nova, no bairro de igual nome, onde um café da manhã com produtos regionais os aguarda. Na sequência, imersão sensorial na Trilha das Orquídeas. Árvores e flores poderão ser tocadas e sentidas pelos turistas, com descrições detalhadas dos guias.
 
A segunda parada é um brinde à cultura de Jundiaí: almoço típico italiano será oferecido aos turistas, que degustarão “una bella polenta” no Recanto Marquezin, Bairro da Toca, entre o aroma dos limões vindo do pomar.
 
Finalizando a experiência sensorial, está a Adega Beraldo Di Cali, uma típica vinícola do bairro Caxambu, com direito a videiras e ponte de onde se ouve o riacho que corta a propriedade. Vinho, suco de uva e queijos da casa completam as opções gastronômicas e o passeio pelos sentidos.
 
Intercâmbio – O grupo paulistano se unirá já no início do roteiro à turma local. Por sua tradição no cuidado de pessoas com deficiência visual em Jundiaí, o Instituto Luiz Braille foi convidado pela organização a participar, e marcará presença com quatro frequentadores (dois cegos e dois com baixa visão), que vão recepcionar os colegas de São Paulo.
 
Início – O grupo de Turismo Sensorial partirá de São Paulo num ônibus de fretamento com destino a uma das mais expressivas paradas do Circuito das Frutas – Jundiaí. A Rizzatour Turismo é a responsável pela viagem, primeira de uma série que passará a operar comercialmente a partir de janeiro de 2017 para grupos fechados, com roteiros personalizados, foco na audiodescrição e demais sentidos para atender os deficientes visuais. A agência já tem longa tradição em roteiros rurais na região. “Para 2017 também teremos um folder do Circuito das Frutas em braile”, adianta Fátima Rizzato, da agência Rizzatour.
 
Destinos – Jundiaí é a quarta cidade a receber grupos neste formato de Turismo Sensorial. Entre junho e setembro, viagens foram realizadas para Espírito Santo do Pinhal – Santo Antônio do Jardim e Atibaia, visitando plantações de café e morango.
 
Este formato de viagem surgiu a partir do trabalho de conclusão de curso Técnico em Guia de Turismo do SENAC, da guia Audmara Veronese, com o tema “Ampliando Horizontes”. Veterana no voluntariado a pessoas cegas, ela desenvolveu o passeio de vivência com auxílio de turistas ligados a ong’s, como a Associação Laramara (SP) e Fundação Dorina Nowill. “O objetivo deste projeto é oferecer para as agências de viagem um serviço de guiamento baseado na audiodescrição, com roteiros sensoriais pensados e desenvolvidos para pessoas cegas e de baixa visão que viajam acompanhadas das que enxergam, o que é um produto inovador, pela inclusão que permite”, explica a idealizadora.
 
Apoiadora, a Fresp vê no Turismo Sensorial a inclusão de uma parcela significativa de turistas ávidos por viajar por meio de roteiros rodoviários. “A viagem inclusiva abre portas para novas iniciativas e atração de públicos especiais em roteiros já estabelecidos ou que estão se estabelecendo, oferecendo opções de qualidade a estes grupos, principalmente pela vivência”, defende a diretora executiva da Fresp, Regina Rocha – lembrando dos seis milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no país (Censo, 2010).
 
A experiência – Já viajaram 60 turistas nas edições anteriores do roteiro, assim como essa, todas experimentais, incluindo cegos, pessoas com baixa visão e seus acompanhantes. Por se tratar de um público especial, a descrição da viagem é falada em detalhes – como as condições e cores do céu – ainda dentro do ônibus, tornando a experiência única.
 
Inclusão. Esta é a palavra-chave no novo segmento de roteiros rodoviários que a Fresp (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo) está incentivando – o Turismo Sensorial. O destino da vez é Jundiaí-SP, que recebe no próximo 03/12 seu primeiro grupo de turistas cegos.
 
Fontes: Jundiaí Notícias –