Os protagonistas desta história de amor caminham juntos há 8 anos. 
 
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Thays na cadeira de rodas e Rafael ao lado, lhe dando a mão. Portadora de artrogripose, doença congênita que causa deformidade e rigidez nas articulações, a cadeira de rodas foi a forma para ela percorrer caminhos sozinha, até o mais emocionante deles: de cruzar o corredor da igreja ao lado do pai, até o altar, para dizer “sim” a Rafael.
 
Atendente numa autoescola, Thays tem 22 anos e conta como se fosse hoje o primeiro encontro dos dois. “Foi em frente de casa, através de amigos”. O local era o bairro Estrela do Sul, região onde ambos moravam. Os mesmos amigos que os apresentaram também ‘armaram’ para o casal, dizendo que um estava afim do outro.
 
O beijo foi dado de cara, logo na primeira saída, no shopping da cidade. Em três semanas, Rafael foi até a casa de Thays pedi-la em namoro. “Ele foi um cavalheiro mesmo”.
 
A narrativa dela segue com tanta normalidade que a gente precisa perguntar se não houve preconceito, olhares tortos ou dificuldades que eles tiveram de enfrentar. “É só o fato de eu não andar mesmo, mas isso não me impede e não teve nada que não tenha sido superado”, esclarece.
 
Depois de sete anos de namoro, eles decidiram juntos ir até o altar. O ensaio foi numa fazenda próximo de Campo Grande e no início de maio, Thays se vestiu de branco, véu e grinaldo para casar na igreja. “Toda mulher sonha e foi do jeito que eu sonhei: entrar de vestido, véu e grinalda…”, repete.
 
O vestido escolhido foi o terceiro experimentado. “Era ele”, descreve Thays. Com uma das mãos guiando a cadeira motorizada pelo câmbio e a outra dada ao pai. “Eu estava muito nervosa que esqueci até o buquê. Chorar eu não chorei, mas quase…”
 
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Quem acompanha a entrevista é a irmã da noiva, Thallyani de Souza Barbosa. “O mais emocionante foi a entrada. Ver ela entrando na igreja e realizando um sonho foi muito gratificante tanto para mim quanto para toda a família”, reforça.
 
Aos olhos de quem nunca enxergou preconceito para com a condição que vive, Thays não sabe dizer se foi a entrada na cadeira de rodas ou a chegada no altar, mas não teve quem não chorasse. “Todo mundo se emocionou, é porque você acha que não vai realizar, é difícil encontrar um homem pra casar”, sustenta.
 
Antes de saber o que era a doença e como Thays vivia com ela, Rafael confessa que pensava “coitada daquela menina”, diz. Mas depois de conhecê-la melhor, teve uma outra visão, através dos olhos da paixão. “Por mais que ela seja cadeirante, ela trabalha, faz tudo e nunca está de mal com a vida”, explica Rafael Gonçalves Sato, o noivo, de 25 anos.
 
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A emoção foi tamanha que até agora Rafael deixa a voz embargar pelo choro. “Foi melhor do que eu achava e eu nunca tinha visto uma cadeirante se vestir de noiva. Foi a primeira vez e pra mim”, relata.
 
O noivo diz que segurou até onde podia para não cair em lágrimas. “Mas tem uma hora que você não aguenta. E foi assim que ela entrou. Também na hora que o padre perguntou para mim se eu queria casar com a Thays, a hora do sim”, recorda.