Em 2005, o sul-africano Daniel Nel sofreu um acidente de moto e ficou paralisado da cintura para baixo. Sem poder mover as pernas, tarefas que pareciam simples se transformaram em desafios – um dos principais era a incapacidade de praticar o surfe, sua paixão durante toda a vida.

Dez anos depois, a maré mudou. Daniel foi apresentado a uma nova prancha de surfe desenhada especialmente para pessoas paraplégicas. Mesmo sem controlar os membros inferiores, ele finalmente voltou à água.

“Eu passava de carro pela praia e via as pessoas surfando, curtindo a areia. Apenas pisar na areia já era um desafio mental”, disse ele à BBC. “Voltar à prancha me traz muita confiança. A gente vai pegando o jeito e com o tempo está se tornando mais fácil, o que me deixa ainda mais animado.”

Mas como chegar a um desenho que trouxesse estabilidade e controle a surfistas paraplégicos?

“O dilema é que, no surfe, você controla a prancha com seu peso e precisa se movimentar sobre ela para virar à direita, à esquerda, ou entrar na onda. No caso do Daniel e das pessoas sem movimentos da cintura para baixo, isso não é possível”, diz Graham Warren, cofundador da escola de surfe da Cidade do Cabo que desenvolveu a prancha especial.

Alças foram instaladas para garantir que surfistas como Daniel se mantivessem estáveis e seguros sobre a prancha. Como sua força está concentrada nos braços, o equipamento inclui uma barra frontal que ajuda o surfista a levantar a prancha para entrar nas ondas, além de fazer curvas.

A reportagem acompanhou um dos treinos de Daniel na praia sul-africana de Big Bay. Com ajuda de instrutores, ele é transferido da cadeira de rodas para a prancha e ruma em direção às ondas, movendo o tronco para cima e para baixo.

“Dá medo de se desequilibrar?”, pergunta a reportagem do programa de rádio Outlook, da BBC inglesa. “Tem, sim, uma possibilidade grande de cair da prancha”, diz Daniel. “Mas estou cercado de instrutores competentes.”

Ele diz que sua meta agora é surfar entre três e quatro vezes por semana. “Sinto muita adrenalina. Quando está na água, você só pensa no presente e segue em frente”, diz.

“Não me vejo como exemplo para ninguém, mas gosto da ideia de inspirar as pessoas. Se eu puder mostrar que a vida pode ir além e que é possível atingir coisas, já me sentirei feliz.”

Fonte: noticias.uol.com.br

Fonte: APNEN NOVA ODESSA: Prancha adaptada permite que surfista paraplégico volte ao mar