As Tecnologias Assistivas para pessoas com deficiência visual indiscutivelmente ajudam na participação social, permitindo que as pessoas cegas ou com baixa visam se desloquem pelas ruas com segurança e orientação; realizem suas atividades cotidianas básicas e instrumentais favorecendo a independência, autonomia e sensação de autosuficiência.

No entanto, como é a qualidade da interação das pessoas com deficiência visual nas suas relações sociais? Como eles sabem como seus familiares, amigos, o atendente do supermercado ou o gerente do banco, por exemplo, está reagindo ao que eles estão dizendo? Eles estão sorrindo? Preocupados? Ainda estão engajados na conversa? Surpresos? Ofendidos?

Essa questão norteou o desenvolvimento, na Universidade Estadual do Arizona, de uma uma cadeira que permite que pessoas cegas conheçam quais as expressões faciais dos seus pares sociais, ou seja, da pessoa com quem estão conversando e interagindo.

A cadeira, que se parece com uma cadeira preta comum à primeira vista, tem uma entrada USB que pode ser conectada a um computador com uma webcam que possui um sistema de reconhecimento facial. A ideia é que a pessoa cega se sente na cadeira enquanto interage. À medida que conversa, a pessoa cega recebe estímulos táteis através do forro da cadeira informando a mudança de expressão facial da pessoa com quem o diálogo está acontecendo. Isso é possível porque a expressão captada pelo computador é transformada em vibrações específicas que são sentidas e interpretadas pela pessoa cega. Por exemplo, se alguém tem uma expressão neutra, o forro vai desenhar uma linha reta na forma de vibrações, movendo-se da direita para a esquerda da parte inferior das costas; se a pessoa está feliz ou sorrir, um padrão de vibração em forma de U é desenhado, assim por diante.

A cadeira é ainda um protótipo e, até o momento, não é capaz de detectar expressões de pessoas que usam óculos ou emoções como medo e tristeza. Essas melhorias estão sendo estudadas para implementação.

Compreender os sinais sociais parece ser importante não apenas para melhorar engajamento social, mas para garantir mais saúde. Pelo menos, é isso que defende um estudo que mostrou que pessoas com relações sociais mais fortes são susceptíveis a ter uma chance 50% maior de sobrevivência durante um período de sete anos e meio em comparação com aqueles com relações sociais fracas.

O desafio de melhorar as relações sociais por meio da tecnologia tem sido uma tendência. Dito isto, fica a pergunta: “Será que essas tecnologias não acomodam os usuários no desenvolvimento de estratégias próprias, que não dependam da tecnologia para as suas relações sociais?”