A ESTILOSA CATARINENSE,  ANA PAULA KOCH

Florianópolis/SC há 27 anos atrás, viu no dia 09/09/1987 nascer um bebê com uma doença congênita denominada mielomeningoncele.  Entretanto, o bebê cresceu e não deixou se abater pelas sequelas da doença e hoje é uma bela bacharel em Direito, pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal. E como toda mulher  não descuida da beleza. Ficaram curiosos?!  Então vejam o que a Ana Paula Koch catarinense nos contou.

  ANA PAULA KOCH

Como foi sua infância e adolescência?

Apesar das inúmeras cirurgias a que fui submetida principalmente na infância, minha família nunca mediu esforços para que eu tivesse uma infância igual a de qualquer criança, mesmo que as brincadeiras, por vezes, tivessem que ser adaptadas, tenho lembranças incríveis das vezes que eu brincava de pular amarelinha mesmo de muletas.

A adolescência é um período mais conturbado, já que envolve descobertas e neuras para todos, imagina para uma garota cadeirante? Mas sempre estive cercada de amigos, sempre aproveitei da melhor maneira possível, já que sempre que dava ia em festas e baladas.

ANA PAULA KOCH- MIELOMENINGOCELE  Qual seu nível de instrução escolar?

  Sou bacharel em Direito, pós-graduada em Direito     Penal e Processo Penal.

  Fale um pouco de como foi sua vida escolar e     acadêmica?

 Sempre me cobrei muito em relação ao ambiente      acadêmico, pois era ali que eu poderia ser respeitada  e poderia mudar a visão de muitos sobre as pessoas  com deficiência, então estudava muito como uma      forma de ser respeitada.

Qual a sua profissão?

Sou analista judiciário – área judiciária do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, desde abril de 2013, ingressando no TRT por meio de concurso público.

Enfrentou ou enfrenta dificuldades no trabalho ou no mercado de trabalho? Quais?

Sou muito sortuda de trabalhar em um ambiente muito bom, onde todos procuram me ajudar e me tratam igual a qualquer outro servidor sem deficiência, como se ela não existisse, o que me deixa extremamente à vontade, sou super-realizada com o meu trabalho.

Como é ser mulher com deficiência num país, cujo padrão de beleza é o da barbie (que é ser magra, alta, peituda, saudável, jovem, loira e ter um corpo “perfeito”)?

Ana Paula Koch- cadeirante É difícil viver em um país em que se dá muita    importância ao corpo perfeito de capas de revistas  que sabemos que não existem. 

Você acredita que as pessoas te veem a partir da maneira como você se sente e se percebe?

É complicado ir à baladas e muitos homens olharem para você com um sentimento de pena, embora você esteja e seja linda, muitos não te enxergam como mulher. Como adoro me arrumar, e realmente me aceito, acabo passando essa imagem para as pessoas que me conhecem.

Como você cuida da beleza?

Vou ao salão de beleza toda semana, adoro cuidar do cabelo, adoro comprar roupas. Mas, claro, enfrento dificuldade na hora de provar roupas em lojas com provadores pequenos.

Ana Paula Koch-cadeira de rodas E quando o assunto é a sexualidade das  mulheres com deficiência, ainda existem muitos  empecilhos? Quais?

Existem ainda muitos empecilhos, pois muitos     homens não enxergam uma cadeirante como mulher capaz de gerar prazer, muitos possuem medo de se aproximar de uma cadeirante por pura falta de informação.

Como esses empecilhos podem ser desfeitos?

A chave é informação.

No tocante a saúde da mulher com deficiência, os consultórios ginecológicos estão preparados para nos receber?

Muitos consultórios possuem escadas e estão em locais sem estacionamento, o que acaba atrapalhando o deslocamento em uma cidade como Florianópolis que depende muito de carro. Dentro dos consultórios existem macas muito altas o que torna difícil a ida ao médico sozinha, além de máquinas de exames inacessíveis, mas sempre acabamos dando um jeitinho.

Que recado você deixa para nossos gestores e para a sociedade em geral, incluindo os que visitam a Casadaptada?

Entendam que as pessoas com deficiência são iguais a qualquer outra e que não é o ser humano que é deficiente, mas sim as cidades, já que quando derrubamos as barreiras arquitetônicas, a deficiência desaparece. Como disse John Kennedy “Admito que o deficiente seja vítima do destino, mas não posso admitir que seja vítima da indiferença”.

Ana Paula Koch- mulher com deficiênci